Tribunal de Justiça Militar ouviu testemunhas do Caso Gabriel nesta sexta-feira, 4 de novembro, no Fórum local (fotos Marcelo Ribeiro/portal Caderno7) |
O Tribunal de Justiça Militar ouve nesta sexta-feira (4), testemunhas da morte do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, ocorrida em 13 de agosto em São Gabriel e que tem três policiais militares como réus. Os familiares do jovem chegaram antes do meio-dia ao Fórum de São Gabriel para acompanhar os depoimentos de cinco testemunhas e logo após, em um forte esquema de segurança, os réus.
Os réus, os soldados Cleber Renato Ramos de Lima, Raul Veras Pedroso e o sargento Arleu Cardoso Jacobsen chegaram em uma van escoltada por viaturas da Brigada Militar após o meio-dia. Entre as pessoas que seriam ouvidas, a vizinha que chamou a Brigada Militar daria seu depoimento. A sessão é presidida pela juíza Viviane de Freitas Pereira, que acompanha o caso desde seu ocorrido.
Familiares chegaram antes do meio-dia, com camisetas e faixas pedindo Justiça |
Sob escolta policial, réus chegaram ao local após o meio-dia em van da Brigada Militar |
Os pais de Gabriel, Anderson Cavalheiro e Rosane Marques, a irmã Soila, a avó Soilamar da Costa e o tio-avô Antônio Marques, entre outros familiares, estavam presentes com camisetas que levam foto do jovem. Também estiveram presentes a advogada da família, Rejane Igisk Lopes e a promotora de Justiça, Lisiane Villagrande Veríssimo da Fonseca, além de integrantes da Corregedoria da Brigada Militar.
Esta etapa faz parte do processo na Justiça Militar, que pode levar à exclusão dos policiais militares do quadro da corporação. Após isso, deve ocorrer o trâmite processual na Justiça comum.
RELEMBRE O CASO
Na noite de 12 de agosto, Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, tinha se perdido da casa de seu tio no Bairro Independência, onde estava residindo para realizar exames de admissão ao Exército na semana seguinte. Próximo da meia-noite, ele chegou na casa de uma vizinha na rua Sete de Setembro, que acionou a Brigada Militar porque segundo ela, ele queria forçar a entrada no local.
Os policiais militares chegaram ao local, algemaram e teriam agredido Gabriel, que foi imobilizado e levado para dentro de uma viatura da BM. Testemunhas afirmaram que ele foi atingido por "pelo menos dois ou três golpes de cassetete" e foi a última vez que ele foi visto com vida.
O tio dele deu falta no dia seguinte e informou a família, que iniciou as buscas e ao chegar junto à Brigada Militar, a corporação negou inicialmente e depois, corrigiram a informação, onde afirmaram que o jovem foi levado até o Lavapé, a 2 km de onde ele foi abordado, "a pedido dele".
As buscas foram feitas na região durante cinco dias e concentradas em um açude, até que no final da tarde de 19 de agosto, o corpo foi localizado submerso nas águas. Os três policiais foram imediatamente presos, após comoção popular e continuam detidos no Presídio Militar de Porto Alegre.
Os três policiais prestaram depoimentos em três ocasiões, sendo duas vezes para a BM e uma para a Polícia Civil. Em todas, eles negaram envolvimento no assassinato de Gabriel. Os laudos apontaram que Gabriel morreu vítima de hemorragia interna, causado por ação de "instrumento contundente" e os policiais foram indiciados no inquérito militar por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Em 1º de setembro, a Polícia Civil indiciou os suspeitos por homicídio doloso triplamente qualificado.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 04/11/2022 15h22
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