Citado em reportagens na mídia estadual, Marcos Vieira afirmou que em momento algum, fez coação para que se votasse em Jair Bolsonaro (foto Marcelo Ribeiro/portal Caderno7) |
A votação obtida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno da eleição presidencial no último domingo (2), quando alcançou 48,43% dos votos válidos, gerou uma onda de denúncias de supostos atos de coação eleitoral praticados por empresários apoiadores do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), inclusive em São Gabriel. Uma declaração feita nas redes sociais pelo empresário e ex-vereador Marcos Paulo do Monte Vieira, o Marcos MEC, gerou denúncia e investigação por parte do Ministério Público do Trabalho (MPT). MEC afirma que "foi mal interpretado e apenas expressei preocupação com o agronegócio", disse.
Vários casos estão sendo investigados no interior do Estado. O caso mais notório é o da Stara Indústria de Implementos Agrícolas, de Não-Me-Toque, no norte do Estado. Em comunicado a fornecedores, diz que, caso Lula vença, "deverá reduzir sua base orçamentária para o próximo ano em pelo menos 30%. O episódio está sob apuração em um inquérito civil instaurado na terça-feira (4) pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), na Procuradoria do Trabalho de Passo Fundo. A empresa nega ocorrência de coação eleitoral. Outras, como a Extrusor e a Mangueplast, emitiram o comunicado informando que deverão reduzir em até 40% do orçamento dependendo do resultado da eleição, o que está sendo investigado pelo órgão.
Marcos Vieira se manifesta
No caso de Marcos MEC, ele tinha gravado um vídeo no Facebook onde ele expressou sua opinão, declarando-se "frustrado" e afirmando: "Somos empresa da construção civil, onde geramos mais de 40 empregos dentro do nosso município. (...) Se o Lula ganhar, eu tenho certeza que vai ter um grande desemprego dentro do nosso município. A minha empresa é uma que vai ser afetada. Eu acredito que mais da metade vai perder seu emprego. Vocês vão viver de quê? Será que vão viver de esmola?"
Em entrevista à reportagem na manhã desta quinta-feira (6), o empresário se declarou surpreso com a repercussão, reafirma o que disse nas redes sociais, mas ele diz que em momento algum coagiu alguém a votar exclusivamente em Bolsonaro. "É nada mais do que uma indignação e preocupação com o que ocorreu nas urnas, porque é o agronegócio que movimenta nossa economia, porque o Lula disse que vai taxar as exportações do setor e isso pode nos afetar, pode afetar empresas como o Marfrig, a Stara, Urbano, entre outras, o que movimenta a economia do município. Ele foi enfático em dizer que não vai dar tanto apoio ao agronegócio", afirmando que a preocupação é por supostos cortes ao agronegócio.
Ele disse que gera emprego e vai continuar trabalhando, mas que como cidadão pode abrir o voto e que jamais coagiu alguém, apenas expressou sua opinião. "Em momento algum eu coagi. Jamais cheguei e disse 'vou demitir todo mundo se o Lula ganhar'. Não existe motivo para fazer isso. Eu colocaria pressão sobre os funcionários se eu fosse para dentro da empresa, fechasse, e dissesse: 'Vou te demitir se votar no Lula. Vou te demitir se votar no PT'. Eu jamais faria isso. ", comentou.
"O que tenho é uma opinião pessoal, que eu acho que é boa para mim, para a comunidade, votar no Onyx, no Bolsonaro. A nossa preocupação é com o que pode ocorrer na economia. Jamais vou obrigar alguém a votar em quem quiser que queira, meus colaboradores são livres para votar em quem quiser", finalizou.
As denúncias foram feitas no MPT-RS pelo vereador e deputado federal eleito Leonel Radde, do PT de Porto Alegre, conforme ele informou nas redes sociais. Sobre possíveis cortes no agronegócio, o candidato petista tem falado na imprensa que está preparando uma carta para o setor, onde inclusive quer ter a participação de Simone Tebet (MDB), ligada ao setor e que anunciou apoio a ele, e que seus governos investiram cerca de R$ 256 bilhões no Plano Safra.
Nos últimos dias, relatos de coações de empresários em várias cidades vem surgindo nas redes sociais, principalmente na região, onde o ex-presidente venceu o primeiro turno. Confira a entrevista com Marcos MEC no vídeo anexo:
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 06/10/2022 15h01
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