Resultado da perícia apontou que Gabriel morreu por hemorragia interna causada por golpes na região cervical, o que indica que ele foi assassinado pelos policiais militares (foto Eduardo Matos/GZH/Twitter) |
O exame mais aguardado pela sociedade gaúcha e que poderia responder sobre a morte de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, foi revelado nesta segunda-feira, 29 de agosto. Em coletiva realizada pela Secretaria de Segurança Pública, a perícia apontou que Gabriel morreu em decorrência de golpe (ou golpes) por objeto contundente, o que causou hemorragia interna na região cervical. Ele também apresentava marcas no pescoço.
O laudo foi apresentado na manhã desta segunda pela cúpula da SSP. Não há indício algum de afogamento, frisou também a diretora-geral do Instituto Geral de Perícias (IGP), Heloísa Helena Kuser. A coletiva teve a participação do secretário da Segurança, Vanius Cesar Santarosa, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Claudio dos Santos Feoli, a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Heloísa Helena Kuser, o chefe da Polícia Civil, delegado Fábio Motta Lopes e o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MPRS, Júlio César de Melo, convocado de última hora por conta da gravidade da informação.
Segundo a diretora do IGP, Gabriel já estaria morto quando foi deixado nas proximidades do açude ou dentro dele, descartando morte por afogamento. Os resultados da perícia confirmam que a Polícia Civil já havia reunido na investigação do caso e que levou ao pedido de prisão dos policiais militares envolvidos na abordagem ao jovem por homicídio duplamente qualificado.
O comandante-geral da Brigada Militar, Coronel Feoli, foi enfático ao dizer que os policiais mentiram o tempo todo e que deverão ser punidos com o desligamento dos quadros da corporação (expulsão), no momento protocolar do inquérito. Eles responderão por vários crimes, como falsidade ideológica, ocultação de cadáver e outras condutas transgressionais da corporação, consideradas inadmissíveis conforme regulamento disciplinar. O Inquérito Policial Militar deverá ser concluído nesta segunda e o inquérito da Polícia Civil, até quinta-feira, 1º de setembro.
RELEMBRE O CASO
Na noite de 12 de agosto, Gabriel, que tinha se mudado apenas 15 dias para São Gabriel para realizar exames para o serviço militar, foi abordado por três policiais militares - identificados depois como os soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima e o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen - após serem chamados por uma moradora da rua 7 de Setembro, que alegou que o jovem teria tentado invadir sua residência. Naquela noite, ele tomou chimarrão com o tio e depois, foi comprar bebidas em uma conveniência nas proximidades e possivelmente, se perdeu.
Na ocorrência, os policiais haviam registrado que revistaram Gabriel e o liberaram. Com o sumiço, foram ouvidos em inquérito policial militar e admitiram ter levado o jovem para a localidade de Lava Pé. Alegando inocência, as defesas disseram que foi ele quem pediu para ser deixado naquele local, pois estaria procurando a casa de familiares. Testemunhas afirmaram que ele foi agredido antes de ser colocado na viatura, com tapas e cassetadas.
No último dia 23, a juíza Juliana Neves Capiotti, da Vara Criminal de São Gabriel, decretou a prisão preventiva do trio, pedida pela Polícia Civil. Após buscas da família, começaram a ser feitas buscas pelas forças policiais e em 19 de agosto, o corpo de Gabriel foi localizado no açude próximo à Cerealista Taschetto, na localidade do Lavapé. Ele veio a ser sepultado em 21 de agosto, sob forte comoção, homenagens e protestos por justiça.
Confira a coletiva de imprensa transmitida pelo SBT Rio Grande, a quem agradecemos a cedência das imagens:
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 29/08/2022 12h03
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