Na tarde desta segunda (29), a Corregedoria da Brigada Militar concluiu o Inquérito Policial Militar (IPM) dos três policiais militares envolvidos na morte de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Diante do laudo e das testemunhas, a Corregedoria da BM decidiu indiciar os soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima e o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen.
A decisão foi alicerçada pela divulgação do laudo de necropsia do jovem, que apontou a sua morte tendo sido causada por hemorragia interna na região cervical, causada por objeto contundente. A informação vem ao encontro de depoimentos prestados por duas testemunhas, que afirmaram que Gabriel foi espancado com cassetetes por PMs e levou socos antes de ser algemado e conduzido em uma viatura.
Gabriel estava em São Gabriel para prestar o serviço militar e foi detido por policiais militares no dia 13, após estes serem chamados por uma moradora da Rua 7 de Setembro, que alegou que o jovem queria entrar em sua casa. Ele foi visto pela última vez sendo algemado e conduzido na viatura da BM e depois sumiu. Os policiais disseram ter largado o jovem perto de um açude no Lavapé, ileso. Só que o corpo dele foi encontrado submerso neste açude, uma semana depois de ser preso e desaparecer.
O homicídio foi considerado quadruplamente qualificado: por motivo fútil, com emprego de tortura, com recurso que impossibilitou defesa da vítima (as algemas) e por prevalecimento do agente de sua situação de serviço. O Inquérito Policial Militar (IPM) também indiciou os policiais por ocultação de cadáver e falsidade ideológica (por mentirem quanto aos crimes). Os PMs estão sujeitos a penas que variam de 12 a 30 anos de prisão pelo homicídio. Serão julgados, nesse crime, pela Justiça Criminal comum.
Pelos demais crimes (falsidade ideológica e ocultação de corpo), os PMs responderão perante a Justiça Militar. Além disso, serão submetidos a processo administrativo que pode resultar em sua exclusão da BM, com perda de vencimentos e, inclusive, do direito de permanecerem em prisão militar (que é onde estão hoje).
Os advogados dos indiciados continuam declarando que seus clientes são inocentes. Ivandro Bittencourt Feijó, que defende o sargento Cardoso e Vânia Barreto, que defende os soldados Pedroso e De Lima, alegam que são inocentes e que "nada tem a ver com o sumiço do rapaz", afirmaram à imprensa da capital.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 29/08/2022 16h49
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