Todas as sextas-feiras, Yuri Cougo Dias falará sobre o esporte no site Caderno7, com a coluna "Na Gaveta!" (foto divulgação) |
Atua como repórter, em Bagé (RS), pelo Jornal Minuano. Mas também conta com passagem pelo Jornal Folha do Sul. Possui experiência com reportagem e fotojornalismo, com ênfase na cobertura do futebol do interior. Todas as sextas-feiras, ele falará do futebol e esporte local, regional, estadual e nacional. Seu contato é pelo e-mail yuricougodias@gmail.com.
Confira a primeira coluna desta sexta, 24 de julho:
O QUE SERÁ DA NOSSA DIVISÃO DE ACESSO?
Fala povo querido de São de Gabriel! A partir desta sexta-feira, terei compromisso marcado com vocês para aquela boa e velha resenha esportiva. Para quem não me conhece, tentei ser o melhor dos melhores goleiros. Mas a ruindade era tanta que a bola implorou que, se eu pegasse a caneta e o microfone, tinha mais chance de vencer na vida. E cá estou, um jornalista bageense, de 24 anos, apaixonado pelo futebol do interior. Neste espaço, traremos análise sobre fatos do esporte, com ênfase no futebol regional. E por falar no futebol do rincão, na quarta-feira, o Gauchão voltou. E de cara, com um Gre-Nal. Porém, o espetáculo das quatro linhas veio recheado de polêmicas, entre clubes, Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e as prefeituras locais.
É necessário, aproximadamente, um mês para que o Gauchão seja finalizado. Até lá, a tendência é que os conflitos sejam ainda maiores, entre quem pensa no futebol como negócio e quem acredita que não há respaldo sanitário para retorno. E a discussão não é nem quanto à presença de público, pois, no mundo atual que vivemos, dizer que um jogo será com portões fechados é a mesma coisa que dizer que futebol se joga com bola.
Mas se não haverá público, como será a receita dos clubes do interior? É aí que entramos no raciocínio que eu queria chegar. Com o retorno do Gauchão, abre-se margem para discutir a volta da Divisão de Acesso. Porém, a Segundona Gaúcha não se resolve num estalar de dedos. Pelo regulamento atual, seriam necessárias 17 datas para ser concluída. Para quem já não lembra mais, o campeonato foi até a terceira rodada. Restam 11 para concluir a primeira fase, mais os confrontos de mata-mata (quartas de final, semifinal e final), todos em ida e volta.
E os 16 clubes que disputam a Divisão de Acesso terão culhão para cumprir essas datas, sem o dinheiro da bilheteria? Pergunto porque o gasto será ainda mais alto que o da realidade antes da pandemia. Motivo? Protocolos sanitários. Se a FGF chegasse hoje e dissesse que a bola voltaria a rolar amanhã, veja alguns dos requisitos:
- Delegações teriam que viajar em dois ônibus (em dias normais já é difícil pagar um)
- Hotéis operam com capacidade parcial (por economia, jogadores chegam a ser distribuídos de dois a três por quarto)
- No dia a dia, atletas devem ficar, preferencialmente, em hotéis ou ambientes individualizados (na maioria dos clubes do Acesso, jogadores são alojados no próprio estádio)
- Testes rápidos de covid-19 teriam que ser feitos na apresentação e véspera do reinício da competição. Quem passar para os mata-matas teria que fazer nova rodada. Quem bancaria esses testes?
Ainda não está claro se os clubes terão saúde financeira para cumprir os protocolos. Mas isso também não anula o outro lado da moeda: os jogadores. Eles precisam trabalhar, pois, a maioria deles vive exclusivamente do futebol. São mais de quatro meses parados, alguns tiveram a Medida Provisória do governo federal aplicada. Já outros tiveram contratos rescindidos e sequer foram amparados pelos clubes. Inclusive, o craque Chiquinho Resende, do Inter-SM, é um dos atletas que lidera, nas redes sociais, um movimento de retorno.
Todos estamos loucos de saudade de ir para o estádio, nas tardes de domingo, cobrir na beira do gramado e comer amendoim no intervalo. Mas não nos esqueçamos: se para uns, o futebol é lazer, para outros é a forma de colocar alimento na mesa. Por isso, o debate precisa ser com responsabilidade. Até a próxima, gurizada!