O estudo desenvolvido pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Unipampa – Campus São Borja, Thiago Sampaio, representa uma estimativa para o vírus SARS-CoV-2 (novo coronavírus) considerando as estruturas municipais, as ações de vigilância e isolamento. A pesquisa mostra o cenário provável, bem como, o melhor e o pior cenário, considerando a existência de transmissão comunitária e caso não haja intervenções do poder público como, por exemplo, as medidas de distanciamento social.
“Partimos do pressuposto que a onda epidêmica durará em torno de doze semanas, definimos a proporção de pessoas que irão ser infectadas. Diferentemente do que é sugerido por alguns, nem todos serão infectados nesse primeiro ciclo. A nossa projeção varia de 15% a 25% da população sendo acometida pela Covid-19 desde o seu estabelecimento no município até o efetivo controle”, afirma o pesquisador. O estudo foi realizado em base com três pressupostos: não haver intervenções do poder público (como a quarentena que estamos enfentando), a onda epidêmica durar em torno de 12 semanas e uma possibilidade de 15% a 25% da população ser acometida pela COVID-19.
Sobre a elaboração da pesquisa, Sampaio afirma que sentiu a necessidade de suprir os gestores públicos municipais com dados próximos da realidade. “Os gestores públicos enfrentam dificuldades quanto aos recursos financeiros e às informações que possam balizar as suas ações. Em meio a esse caos, eles estão trabalhando no escuro”, enfatiza o pesquisador.
Os dados utilizados nas projeções em cada município são públicos e fornecidos pelo DataSUS. A pesquisa considera a qualidade de leitos, UTIs e respiradores em cada cidade. Em alguns casos, consideram-se os municípios do entorno, pois algumas cidades funcionam como referência para outras menores. Além disso, há fatores que podem contribuir para a piora do quadro apresentado como, por exemplo, a ocupação de leitos por pacientes com outras enfermidades, limitação de capital humano e UTIs disponíveis ao município.
Vamos trazer o quadro de projeções para São Gabriel:
Gráficos acima mostram as projeções em diferentes cenários em São Gabriel, com ausência de intervenções e sem prevenção (foto divulgação/Unipampa) |
A necessidade do distanciamento social
De acordo com a pesquisa de Sampaio, o sistema público de saúde não terá como suportar a demanda, caso as medidas de prevenção não sejam tomadas. “As medidas adotadas visam reduzir o número de casos para que não haja o colapso. Na ausência dessas medidas, podemos assistir, no Brasil, às cenas que acontecem, por exemplo, no Equador”, ressalta o pesquisador.
Sampaio também afirma que a preocupação com a proximidade do inverno é maior no Rio Grande do Sul. Existe a possibilidade de enfrentamento da pandemia com temperaturas desfavoráveis e a ausência de suprimentos básicos, atualmente, demandados por grandes centros. “É importante a compreensão da população e o planejamento dos gestores”, enfatiza o pesquisador. Além disso, Sampaio reafirma a necessidade de seguir as determinações dos órgãos competentes, principalmente, quanto à higiene, utilização de máscaras e o distanciamento social.
O estudo completo está no link abaixo:
Reportagem: Francieli Couto Jorge/Especial C7
Data: 07/04/2020 13h10
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