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Quanto pesa o preconceito?
Muitas bandeiras para defender e pouca crença para sustentar
Nesta semana, a França se despiu de mais um preconceito ao aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Assembleia Nacional. O país se dividiu em dois, em três, em quatro; cada pessoa tinha uma opinião e uma bandeira para levantar. E no meio de tanta manifestação, uns julgaram os outros e esqueceram os próprios preconceitos que tinham e sofriam. O preconceito não discrimina. O preconceito é democrático. O preconceito sempre existirá enquanto não houver compreensão de que ninguém é igual ao outro.
E a moda – infelizmente – é a rainha da democratização do preconceito. Não pela sua essência, mas pelo uso indevido das suas propriedades. A própria moda sofre. É discriminada pelo culto ao efêmero e ao belo, pela sua natureza fugaz. Mas o modus quem exerce não é ela, mas quem se utiliza dela como ferramenta discriminatória. O preconceito esta nos olhos de quem julga.
Uma das vertentes mais discriminatórias na moda é o peso. A beleza só existe na roupa. O corpo é cabide da arte, expositor do tecido. O corpo voluptuoso destoa dos padrões. A carne realoca o foco para o indivíduo e afasta a matéria do campo visual e interpretativo. O corpo vende sonhos, roupas, produtos. A bandeira contra o preconceito da balança está levemente subindo o mastro.
Modelos plus size enchem as capas de revista. Mais por firmação da democratização dos corpos, do que realmente por uma crença na beleza diferente. A onda das manequins maiores é pontual e quase politicamente correta – aparece no meio da festa e sai de fininho – à francesa. Dessa vez, uma França menos democrática, que ainda escraviza corpos em pró do mercado e do padrão estabelecido.
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