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Auditoria apontou passivo de R$ 57 milhões na Santa Casa de Caridade (foto Marcelo Ribeiro/portal Caderno7) |
Uma auditoria independente realizada na Santa Casa de Caridade de São Gabriel revelou um passivo total de R$ 57 milhões, além de uma série de irregularidades administrativas, financeiras e contratuais. O relatório foi elaborado pela empresa Vórtice Assessoria e Consultoria e apresentado oficialmente na manhã de terça-feira (22), durante reunião na Prefeitura Municipal. No mesmo dia, o documento foi debatido em sessão ordinária do Poder Legislativo, com destaque para o pronunciamento do vereador Ladislê Camargo Teixeira (PSB), que representou o Legislativo na comissão de acompanhamento da auditoria.
De acordo com o parlamentar, o relatório aponta falhas como a inexistência de conta bancária específica para os repasses da Prefeitura, ausência de contratos formais com médicos e prestadores de serviço, além do uso de documentos com rasuras ou sem assinaturas para justificar pagamentos. “Há prestadores de serviço sem contrato, documentos com rasuras, e mesmo assim os pagamentos são feitos”, afirmou Ladislê. O vereador também relatou que as emendas impositivas dos vereadores não constam nos registros contábeis da instituição. “Isso é muito grave”, completou.
Durante a reunião no Executivo, os auditores Eduviges de Souza, Cristina Assmann e Patrícia Urrutigaray apresentaram o conteúdo do relatório de 107 páginas aos membros da Comissão de Acompanhamento. Estiveram presentes representantes do Conselho Municipal de Saúde, do SindSaúde, da Secretaria Municipal de Saúde, da Santa Casa, da Câmara de Vereadores, além do prefeito Lucas Menezes, da procuradora-geral Michele Maciel e do secretário-geral de Governo, Márllon Maciel. O Sindicato Médico foi convidado, mas não compareceu.
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Vereador Ladislê falou sobre o resultado da auditoria e expressou cenário preocupante para a comunidade com situação do hospital (foto Marcelo Ribeiro) |
O relatório apresenta uma análise minuciosa das áreas financeira, contábil, administrativa, de gestão e transparência, e propõe sugestões técnicas e operacionais. Segundo Ladislê, o cenário é preocupante. “A dívida é tão alta que, mesmo vendendo todo o patrimônio da Santa Casa, ainda restaria débito”, destacou. Embora tenha frisado que “ninguém está falando em roubo ou desvio de dinheiro”, o vereador classificou a situação como resultado de má condução administrativa e defendeu ações imediatas por parte do poder público. “Chegamos ao caos. Agora é hora de tomar atitudes. Não podemos perder o único hospital que atende a nossa comunidade”, concluiu.
Conforme informou a Prefeitura, após a emissão de parecer técnico interno, o relatório será apresentado à população e encaminhado oficialmente ao Ministério Público. O Executivo reforçou que o trabalho reafirma o compromisso com a transparência e com o fortalecimento da saúde pública em São Gabriel.
Anteriormente, o Poder Legislativo tinha realizado uma CPI, onde recomendou a responsabilização dos gestores pelas falhas na instituição e o encaminhamento para órgãos de controle e judiciais.