Nova audiência da Justiça Militar deverá ouvir últimas testemunhas do Caso Gabriel nesta quarta e quinta, em Santa Maria (foto reprodução/Google Maps) |
O Tribunal de Justiça Militar realizará as últimas oitivas de testemunhas militares dentro do processo que apura a morte do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, ocorrida em agosto de 2022 em São Gabriel. As audiências ocorrem na sede do TJM, em Santa Maria, nesta quarta e quinta, 12 e 13 de abril.
Segundo o hotsite criado para o caso, as audiências ouvirão testemunhas de defesa, que seriam colegas dos três réus, os policiais Arleu Junior Cardoso Jacobsen, Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso. Após esta fase, serão designados os interrogatórios e após, a sessão de julgamento que deverá decidir a exclusão dos policiais dos quadros da Brigada Militar.
A última audiência da Justiça Militar tinha ocorrido em São Gabriel em 16 de fevereiro, onde os réus tiveram o pedido de liberdade provisória negado pela pela juíza Viviane Freiras Pereira e pelos integrantes do conselho de disciplina da Brigada Militar, que estão julgando o caso. Os três seguem presos no Presídio Militar em Porto Alegre. Além da audiência, uma inspeção judicial foi realizada na barragem do Lava Pé, onde o corpo do jovem foi encontrado.
RELEMBRE O CASO
Na noite de 12 de agosto, Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, tinha se perdido da casa de seu tio no Bairro Independência, onde estava residindo para realizar exames de admissão ao Exército na semana seguinte. Próximo da meia-noite, ele chegou na casa de uma vizinha na rua Sete de Setembro, que acionou a Brigada Militar porque segundo ela, ele queria forçar a entrada no local.
Os policiais militares chegaram ao local, algemaram e teriam agredido Gabriel, que foi imobilizado e levado para dentro de uma viatura da BM. Testemunhas afirmaram que ele foi atingido por "pelo menos dois ou três golpes de cassetete" e foi a última vez que ele foi visto com vida.
O tio dele deu falta no dia seguinte e informou a família, que iniciou as buscas e ao chegar junto à Brigada Militar, a corporação negou inicialmente e depois, corrigiram a informação, onde afirmaram que o jovem foi levado até o Lavapé, a 2 km de onde ele foi abordado, "a pedido dele".
As buscas foram feitas na região durante cinco dias e concentradas em um açude, até que no final da tarde de 19 de agosto, o corpo foi localizado submerso nas águas. Os três policiais foram imediatamente presos, após comoção popular e continuam detidos no Presídio Militar de Porto Alegre.
Os três policiais prestaram depoimentos em três ocasiões, sendo duas vezes para a BM e uma para a Polícia Civil. Em todas, eles negaram envolvimento no assassinato de Gabriel. Os laudos apontaram que Gabriel morreu vítima de hemorragia interna, causado por ação de "instrumento contundente" e os policiais foram indiciados no inquérito militar por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Em 1º de setembro, a Polícia Civil indiciou os suspeitos por homicídio doloso triplamente qualificado.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 11/04/2023 16h53
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