Com mais de 50 anos de carreira, Glória Maria morreu nesta quinta-feira aos 73 anos no Rio de Janeiro em decorrência de um câncer (foto Marcelo Ribeiro/portal Caderno7) |
A jornalista Glória Maria morreu nesta quinta-feira (1º) aos 73 anos. A profissional, que tinha mais de 50 anos de atuação no Grupo Globo, estava hospitalizada desde o começo de janeiro, no Hospital Copa Star, em Copacabana, no Rio de Janeiro, em tratamento de um câncer reicidivante no cérebro. A morte dela foi anunciada no Bom Dia Brasil.
Pioneira como profissional que enfrentou o racismo e destacou também o espaço da mulher negra no jornalismo brasileiro, Glória Maria foi a primeira repórter a aparecer ao vivo no Jornal Nacional, além de apresentar o Fantástico e produzir reportagens de rua e especiais por mais de 100 países para os jornalísticos da emissora. Nos últimos anos, vinha apresentando o Globo Repórter, do qual teve de se afastar por causa do tratamento.
Ela também se tornou a "rainha dos memes" na internet, ao fazer reportagens especiais na Jamaica em 2016, onde fumou a ganja (maconha) a convite de sacerdotes e andou de montanha russa (uma semana antes deste encontro), cujas caretas viraram meme na internet e ela soube aproveitar isso, na sua faceta de bom humor e simpatia sempre constante.
Em 2019, Glória Maria realizou a palestra de abertura da 38ª Expoagas na FIERGS em Porto Alegre, a última antes da pandemia, onde ela falou sobre a necessidade de se reinventar. “Não reparamos quem somos porque passamos muito tempo olhando para a vida do outro. Nascemos para caminhar e mudar a cada dia” afirmou. Para isso, segundo Glória Maria, é preciso ter a capacidade de crescer, respeitar, aprender e superar. “Para atingir um objetivo, você precisa caminhar. E o primeiro passo sempre é o mais difícil”, afirmou.
Nascida em família humilde, Glória Maria afirma que o fato de ter nascido mulher, pobre e negra nunca foi motivo para acreditar que não poderia fazer algo. “Aprendi que não podemos viver exercitando o problema. Tento viver para a solução”, revelou. A partir disso, aprendeu que a superação dos próprios limites é algo necessário para a reinvenção. Para a jornalista, não existe fórmula para a reinvenção, mas sim uma condição de superação. “A vida tem o seu lado B, da barra pesada, e que nos faz crescer e melhorar. Se a gente continuar na zona de conforto, a gente não vive”, afirmou. Não ter medo de ousar, ter ideias pré-concebidas que limitam as possibilidades, ter experiências, correr riscos e nunca perder o senso de humor foram outras dicas que Glória Maria compartilhou com o público na ocasião.
Em 2019, ela tinha assumido o comando do Globo Repórter junto com Sandra Annenberg. No mesmo ano, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão. O tratamento com imunoterapia teve sucesso. Depois, ela sofreu metástase no cérebro, que também pôde, inicialmente, ser tratada com êxito por meio de cirurgia, mas os novos tratamentos não avançaram. A jornalista deixa as duas filhas, Laura e Maria, de 14 e 15 anos, adotadas em 2009.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 02/02/2023 11h35
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