Trabalhos da reconstituição dos fatos que levaram à morte de Gabriel Marques Cavalheiro duraram 13 horas e foram encerrados na madrugada desta terça em São Gabriel (foto IGP) |
Durante a tarde e noite de segunda (21) e madrugada desta terça-feira (22), equipes do Instituto-Geral de Perícias (IGP) reconstituíram os últimos passos do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, morto em 13 de agosto após abordagem policial na Zona Norte de São Gabriel. A reconstituição aconteceu no Independência e no Lavapé, encerrando nesta madrugada e foi acompanhada pelos pais de Gabriel.
As peritas do IGP ouviram cinco testemunhas na Delegacia de Polícia de São Gabriel desde o começo da tarde e logo após, próximo das 16h, os três policiais militares acusados da morte do jovem chegaram sob forte esquema de segurança. Segundo a perita Bárbara Cavedon, houve diferença nos relatos das testemunhas.
Réus chegaram por volta das 16h na Delegacia de Polícia, sob forte esquema de segurança |
"As versões apresentadas pelos investigados foram bastantes semelhantes entre si. Das testemunhas, temos versões distintas. Temos elementos bastante interessantes para serem analisados, tanto do que teria causado a morte quanto da dinâmica dos fatos", afirmou à imprensa estadual. Individualmente, as testemunhas e os policiais relataram o que viram na noite de 12 para 13 de agosto. Os depoimentos foram encerrados por volta das 21h.
Após isso, os participantes foram até os locais que indicaram. A reconstituição foi realizada mesmo com chuva e teve acompanhamento à distância por populares, por conta de isolamento das áreas. As testemunhas levaram os peritos para a rua em que Gabriel foi abordado, no bairro Independência, e também para a localidade de Lava Pé, onde o corpo do jovem foi encontrado.
O trabalho foi encerrado próximo das 4h da madrugada. A mãe de Gabriel, Rosane Marques, disse que foi difícil reviver o ocorrido e que os policiais foram "bons atores". "Não foi o que exatamente aconteceu, foi uma encenação. Tem muitas dúvidas que não foram explicadas, porque o Gabriel não conhecia esta região, como é que podem dizer que ele pode ter 'caminhado na água', o rosto dele estava machucado, o óculos quebrado?", questionaram os pais.
Um forte efetivo policial foi mobilizado. O Capitão Magno Siqueira, que tem defendido constantemente os policiais e que os familiares de Gabriel questionam sua não responsabilização até o momento no caso, estava presente na Delegacia de Polícia.
Devido à complexidade do caso, visto que há muitas dúvidas sobre como Gabriel foi colocado no açude, o IGP informou que não tem uma previsão para que o laudo pericial seja concluído. Várias perícias foram realizadas pelo IGP para fornecer as provas técnicas necessárias à investigação do caso. Além da perícia realizada no dia do encontro do cadáver, foram feitos vários exames laboratoriais - entre os de rotina, estão a pesquisa de psicotrópicos e álcool em amostras de sangue e urina.
Também foi realizada a pesquisa de plâncton em material coletado da vítima, o que descartou a hipótese de afogamento. Já os exames de DNA não encontraram sangue de Gabriel nas viaturas usadas pela Brigada Militar durante a ocorrência.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 22/11/2022 08h44
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