Colunista do site
COVID-19 PREJUDICA MAIS QUE ARBITRAGEM
Fala, pessoal! Éramos felizes e não sabíamos. Se foi o tempo em que as discussões nos botecos se pautavam pelos erros de arbitragem e das teorias de conspiração que time A estaria sendo beneficiado e que o time B estaria sendo prejudicado. Pobres árbitros, sempre levam a culpa. Mas, com esses novos tempos que estamos vivendo, eles não serão mais os principais inimigos da torcida. Chegou outro que é, literalmente, mortal: covid-19, o novo coronavírus.
Sim, esse vírus vai desfalcar times, adiar partidas e, mesmo que não seja intencional, favorecer outras equipes. O exemplo foi dado na primeira rodada da série A do Brasileirão, no final de semana passado, quando Goiás x São Paulo precisou ser adiado minutos antes, pelo Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), pelo fato de 10 jogadores do Goiás terem sido diagnosticados com covid-19. E desses 10, OITO deles eram titulares da equipe. Ou seja, o vírus está sujeito, sim, a trazer prejuízos técnicos e, indiretamente, influenciar no resultado da partida.
Mas isso tudo aconteceu porque o Goiás foi pego de surpresa, em razão dos resultados dos exames terem sido divulgados já no dia do jogo. E obviamente, o episódio levantou dois questionamentos. O primeiro era se o futebol brasileiro estava pronto, de fato, para retomar com o Brasileirão. E o segundo era se os protocolos definidos pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) eram suficientes para garantirem a segurança dos atletas e a realização das partidas. Ao todo, são 380 jogos distribuídos em 38 rodadas.
Assim, o protocolo da CBF foi colocado em discussão pelo fato dos exames terem sido concentrados no Hospital Albert Einstein, que não conseguiu lidar com a demanda dos clubes a tempo hábil. Por conta disso, a CBF anunciou, em nota oficial, modificações em seu protocolo.
A partir de agora, todos os jogadores inscritos na competição serão testados rodada a rodada, com 72 horas de antecedência. E isso inclui até os que não forem relacionados. A novidade mais importante: os resultados devem ser enviados à CBF até 24 horas antes da partida, pelo clube mandante, e até 12 horas antes da viagem, pelo clube visitante. E para agilizar o processo, as 20 equipes ficam livres para realizarem os testes no Hospital Albert Einstein ou em qualquer laboratório local, desde que atenda todos os requisitos das repartições públicas de saúde. Cabe ressaltar que todos os testes serão custeados pela CBF.
As novas regras anulam a possibilidade de um time viajar ou estar prestes a entrar em campo e ser surpreendido com a notícia de que a maioria dos titulares está contaminado com covid-19. Mas, infelizmente, não tira o risco de o vírus causar uma interferência técnica na competição. Já imaginaram uma das equipes, sem oito titulares, enfrentando um Flamengo completo, dentro do Maracanã?
Mas se os impactos do vírus na montagem de times já causaram perturbação no Brasileirão, com apenas uma rodada, imagina o tamanho do prejuízo se isso ocorresse no futebol do interior? Sem as mesmas condições estruturais dos clubes da série A nacional, equipes da Divisão de Acesso, por exemplo, não teriam atletas suficientes para entrar em campo, num eventual surto da covid-19 no ambiente. E em que condições esses atletas seriam submetidos no processo de isolamento social?
Então, pode-se concluir que, para o restante da temporada, as discussões sobre futebol deixarão um pouco os árbitros e o polêmico VAR de lado. Agora, o maior temor é a covid-19, que pode ser muito mais perigosa e prejudicial que um pênalti não-marcado corretamente. Até a próxima, pessoal!