Alex Barcellos Pinto passa a trazer contos semanalmente no site Caderno7 (foto divulgação) |
Alex lançou recentemente seu primeiro livro, "Relatos e Devaneios Poéticos", com vários contos e crônicas, e ainda pode ser encontrado nas bancas e livrarias da cidade. Confira a primeira crônica de Alex no site:
Química.
Alex Barcellos Pinto
Colunista do site
Química... a matéria mais odiada nos tempos de escola. Existem aqueles que a amam, porém a grande maioria não consegue entendê-la! São tantos nomes confusos e tantas propriedades a serem somadas, multiplicadas, divididas e subtraídas que formam conexões das mais diversas origens e com as mais diversas consequências. Isto é, nada parecido com as relações humanas, relações entre pessoas totalmente diferentes, pessoas com várias propriedades de todas as naturezas com resultados totalmente diversificados.
Obviamente, a ironia da frase anterior se faz quase que de forma intrínseca, e toda a relação humana forma ou não uma “química”. Assim, a química deixa de ser algo odiado pela grande maioria para se tornar um termo utilizado para algo de ótima referência, algo tão saboroso que costumamos dizer “sei lá, rolou uma química sabe?!”. Se você já disse essa frase, sabe bem a qual me refiro. Falo daquela química diferente e geralmente única.
Existem ocasiões na vida nas quais sentimos reações diferentes do que a rotina nos põe. Essas reações, assim como todas, acontecem em nosso organismo por processos químicos dos mais diversos. Estamos acostumados, por exemplo, a sentir com os olhos. Tudo o que vemos, sentimos. A própria sabedoria popular já diz “o que os olhos não veem o coração não sente” e, de fato, isso funciona para praticamente todos. Contudo, quando sentimos a “química” os olhos são apenas mais um catalisador dos reagentes em contato.
As pernas ficam bambas, o coração acelera e as mãos suam. O toque da voz é sentido pelos olhos, e o olhar é sentido pela pele. A voz enfraquece e engasga ao sair, o sorriso é incontrolado e o desejo sai pelos poros. Mas, não me entenda mal, o desejo não é carnal. O sexo nada tem a ver com isso. O desejo é de estar perto, abraçar, beijar, sentir o toque... nestas horas não se pensa em sexo. As reações adversas do corpo só te deixam pensar no que você está sentindo a tal ponto de não saber como reagir. Fogos de artifício voam pelos céus enquanto o toque acontece, e subitamente enquanto há o beijo você pensa: isso é real?! Então desligamos de todo o resto e seguimos o momento, pois sim, é real.
Tudo isso em um quarto de segundo, o tempo suficiente para milhões e milhões de neurônios entrarem em colapso e se perderem sem saber quais informações passar, pois a confusão que sentimos é tanta que eles precisam decidir o que passar em primeiro lugar. Por fim, quando decidem, a decisão é única, aproveitar e viver. E quando tudo passa, o que resta ao fim da noite é um sorriso besta estampado na cara e aquele pensamento que pergunta “o que está acontecendo comigo, estou rindo sozinho no decorrer do dia quando lembro”, quando pensamos ou lembramos do parágrafo anterior tudo se torna inesquecível.
Inesquecível como aquela velha química da escola, aquela que era odiada por quase todos. Aquela química que todos lembramos, porque a professora ficava nos assustando com a dificuldade dos exercícios e suas provas indigestas. Porém, da mesma forma que a química da escola nos marca a ponto de nunca nos esquecermos da tal professora e seus exercícios complicados, também não esqueceremos jamais do que sentimos nesse momento tão especial. Essa química interpessoal pode ocorrer várias vezes durante a vida, e todas ocorrem de maneiras diferentes, portanto, únicas. Elas podem ter durado um dia, uma noite ou anos, mas no momento no qual a sentimos, somos marcados eternamente pelo o que criou essas reações tão adversas em nosso organismo. Assim, com toda a experiência vivida, jamais mais conseguiremos esquecer a sensação de estarmos apaixonados.
Data: 03/02/2020 18h24
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