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Encontro que reuniu mais de 35 mil agricultores no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, pedia melhores condições para o campo e foi histórico; o então candidato à Presidência, Tancredo Neves, participou do mesmo (fotos divulgação repassadas por Nestor Tipa Júnior) |
Em 2 de outubro de 1984, o País acompanhava pela TV uma mobilização inédita de produtores rurais, mais especialmente agricultores. O Grito do Campo foi um movimento organizado pelas cooperativas agropecuárias que levou centenas de produtores ao Estádio Beira-Rio. Cerca de 35 mil produtores estiveram presentes, liderados pelas cooperativas agropecuárias, na manifestação, que pedia melhores condições para o setor rural. Na ocasião, o candidato à presidência Tancredo Neves participou do ato.
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Agricultores pediam o fim de políticas que não davam garantias, mais crédito e aposentadoria justa |
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Estádio Beira-Rio ficou lotado para mobilização que serviu de motivação para demais manifestações e uniu os agricultores do Sul do país |
O movimento aproveitava a redemocratização do País para pedir condições mais justas para o setor agro. Durante dois meses, os organizadores planejaram o evento que reuniu pessoas de todas as regiões do Rio Grande do Sul e de outros estados. Estima-se que mais de 700 ônibus e 300 automóveis chegaram a Porto Alegre, com faixas e cartazes criticando a política do "Plante que o João (Figueiredo) garante", o que trazia incertezas para os agricultores. Eles queriam mais crédito, melhores preços mínimos, e previdência equiparada à dos trabalhadores urbanos. Na época, os agricultores recebiam aposentadorias de apenas meio salário mínimo.
No final do regime militar, o movimento abriu caminho para inúmeras outras mobilizações de produtores rurais que o Brasil assistiria nos anos seguintes. Naquele dia, os agricultores - grandes, médios e pequenos - descobriram que sua voz podia ser ouvida em Brasilia. O evento foi planejado pelas cooperativas filiadas à Fecotrigo (hoje Fecoagro - Federação das Cooperativas Agropecuários do RS) e anunciado, com destaque, nos jornais e emissoras de rádio e televisão, seria um alerta cooperativo à nação, num momento crucial da retomada da democracia. O movimento uniu os agricultores e lembrou que o cooperativismo e a agricultura são a grande força do Rio Grande do Sul.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 02/10/2019 09h47
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