"Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia"
(León Tolstói - 1828-1910)
A imprensa está sob ataque. Mais precisamente, a imprensa local, exercida por profissionais responsáveis que atuam nas emissoras de rádio, empresas jornalísticas e portais cibernéticos de notícias, e que por anos a fio tem sido o instrumento principal de difusão da cultura, da informação e do debate público da comunidade gabrielense e regional. Nós, que atuamos neste ramo - radialistas, jornalistas diplomados, jornalistas profissionais, assessores de imprensa de empresas privadas ou órgãos públicos, nos insurgimos contra a moderna onda de ataques à autonomia e à liberdade de imprensa, por parte de atores sociais que, sob pretexto de atuarem em autoproclamados movimentos pela ética e pela cidadania, combatem e agridem a dignidade profissional e a integridade pessoal de nossos pares.
Entre nós, não há distinção. Somos contra a falsa dicotomia entre jornalistas diplomados e jornalistas "práticos", posto que esta separação indigna e elitista, já foi superada pela modernização da legislação, que reconheceu aos "práticos" o direito de serem devidamente registrados como jornalistas profissionais. E isto não depende de opiniões, pois foi definido por lei, revogando a antiga e arcaica Lei da Imprensa feita nos tempos da ditadura militar. Hoje, temos uma legislação moderna que reconhece a relevância do jornalismo praticado por abnegados homens e mulheres de imprensa que, nas comunidades do interior, garantiram ao povo o direito à informação, através do seu trabalho.
Só que informação não se confunde com boataria irresponsável ou fofoca política. Grupos que pretendem falar em nome da população sem ter sido eleitos para isso, pretendem pautar o nosso trabalho, querendo obrigar os jornalistas desta terra a divulgar as notícias de acordo com o seu ponto de vista, o seu enquadramento ideológico. Não aceitaremos calados esse tipo de censura, de grupos que utilizam as redes sociais para difamar pessoas e agredir profissionais. Não nos submeteremos a este jogo que esconde outros interesses perversos, que não são os da boa informação e da transparência.
Trabalhamos em funções diferentes, em mídias diferentes, e temos, certamente, estilos e opiniões diferentes sobre diversos assuntos. Mas não vamos tolerar agressão à liberdade de imprensa, venha de onde vier.
Esta agressão nos mobilizou para a defesa da liberdade. E seguramente, é o embrião de uma unidade mais sólida, em favor do interesse da boa informação da comunidade gabrielense.
Não à ditadura das redes sociais. Não ao arbítrio. Sim à liberdade.
São Gabriel, fevereiro de 2018
Marcelo Ribeiro
Caderno7
Cláudio Moreira
Jornalista
Letícia Leão
Jornal Tribuna Popular
Juca Castilhos
Correio Gabrielense
Guido Ávila
Jornal da Cidade
Viviane Bertol
Rádio RBC FM
Rafael Otto
Rádio São Gabriel