Alexandre Cruz
Colunista do blog
Motivação religiosa
Quase todas as guerras de todos os séculos tem alguma motivação religiosa: católicos/protestantes; cristãos/muçulmanos; Cruzadas, Guerra Santa. Finalmente o terrorismo, a terceira e última guerra, se apoia em crenças. As mesmas Sagradas Escrituras são páginas de agitação bélica. Isaías, a máxima figura, louva a Deus como guerreiro: “O Senhor gritará, sim, lançará um grito de guerra, contra seus inimigos prevalecerá.” “Porque assim me disse o Senhor: Igual que ruge como um leão ou leãozinho sobre sua presa, assim descenderá o Senhor dos exércitos para combater.” Os soldados ou os civis nunca cometeram barbaridades tão grandes como as que protagonizam em nome de Deus. Não está claro para mim se os jihadistas morrem em nome de Alá como caminho ao paraíso ou estão possuídos pelo ódio aos valores do Ocidente e pela vingança como resposta por serem reduzidos a cidadãos sem esperança. Jihad recruta seus combatentes entre mendigos, pequenos traficantes, jovens que não podem viver sua vida, condenados a marginalização e a delinquência. A sua crueldade, seu afã de matar não pode justificar só pela exclusão e quiçá, se agarram a álibis metafísicas. O que está claro é que poucas vezes se chegou a tal nível de crueldade como eles praticam.
Só os anarquistas se suicidavam pela Ideia, e em outras ideologias se matam pela pátria ou por Deus. O insólito é que depois da Ilustração e o Marxismo, o Liberalismo e a Democracia se siga obedecendo a um suposto deus para matar. Marlene Dietrich contou que na infância aprendeu que Deus nunca lutava ao lado de nenhum exército. Se acreditarmos em algumas testemunhas presenciais, o presidente Bush confessou que depois do atentado de Nova York: “Deus me disse: ‘luta contra esses terroristas de Afeganistão. E eu fiz. E me disse mais: ‘derrota os tiranos do Iraque.’ E eu fiz
Não há que culpar os estadunidenses e os soviéticos de terem convertido os países muçulmanos em zona de guerra cega e desumana. No fundo desses países há outra guerra sangrenta entre frações do Islam. Por todas essas razões, saudamos a este Papa Francisco, que saiu mais democrata e mais laico que seus antecessores e que muitos políticos do mundo. Desde o balcão de São Pedro, declarou, como se fosse um infiel, que justificar a violência em nome de Deus é uma blasfêmia. Comentou que ocorreu é um pedaço da III Guerra Mundial. Os franceses também estiveram a altura; reagiram com mais energia que após a ocupação alemã. Cantaram a Marselhesa e invocaram os valores da República.