Rossyr está de férias e escrevendo sua nova obra em Paris, e acabou presenciando o choque vivenciado pela tragédia na Charlie Hebdo (foto arquivo pessoal) |
O Caderno7 está trazendo com exclusividade, os relatos de uma personalidade gabrielense sobre os dias que abalaram o mundo. De férias em Paris, o escritor e jornalista Rossyr Berny acabou testemunhando a tensão e a tristeza vivenciada pelos franceses e consequentemente, os europeus com a tragédia do jornal Charlie Hebdo, que teve doze profissionais mortos. Rossyr conversou com a editoria do blog e relatou como está vendo o clima na "cidade luz".
Ele está escrevendo um novo romance sobre a intolerância no Oriente Médio, aproveitando o período de férias, que deverá se chamar "Condenados a Matar" e acabou presenciando a tensão e a tristeza pela tragédia. "Em uma triste coincidência, vivenciamos essa loucura toda aqui. Foi um choque mundial", afirmando que participou de manifestações em solidariedade aos mortos no massacre promovido pelos irmãos Saïd e Chérif Kouachi. Rossyr estava a caminho de uma cafeteria quando soube dos ataques ao Charlie Hebdo.
Rossyr diz que no começo da tarde, estava saindo do Museu do Louvre quando a Polícia estava em movimentação frenética por conta de um sequestro com reféns em um supermercado judaico, que também terminou na morte dos sequestradores. "Agora à noite, Paris está calma, mas com muitos policiais na rua. Mas parece que agora tudo se tranquilizou", relata. Ele ainda escreveu um poema sobre o assunto, que estará no livro, em homenagem às vítimas da intolerância.
Ele finalizou com este relato, publicado também em seu perfil no Facebook: "Caminho agora, sozinho, por ruas movimentadas de Paris. Busco entender esta mistura de cidade mágica e inesquecível. Mas por dentro de cada um há um temor de vulcão com lavas que ainda podem ser maiores daqui a pouco. Há 50 anos não havia dor maior neste paraíso. O Brasil está tão distante mas pulsa frenético neste peito de poeta que amanhece a cada novo dia lutando pela paz definitiva a todos. Há agora um barulho terrível de sirenes de ambulâncias, polícia, bombeiros. E fica o coração apreensivo: quem mais estará matando, quem mais estará morrendo? E as luzes de Paris que agora me beijam divido com vocês. Na certeza de que a manhã de daqui a pouco seja de plena paz", finalizou.
Ele finalizou com este relato, publicado também em seu perfil no Facebook: "Caminho agora, sozinho, por ruas movimentadas de Paris. Busco entender esta mistura de cidade mágica e inesquecível. Mas por dentro de cada um há um temor de vulcão com lavas que ainda podem ser maiores daqui a pouco. Há 50 anos não havia dor maior neste paraíso. O Brasil está tão distante mas pulsa frenético neste peito de poeta que amanhece a cada novo dia lutando pela paz definitiva a todos. Há agora um barulho terrível de sirenes de ambulâncias, polícia, bombeiros. E fica o coração apreensivo: quem mais estará matando, quem mais estará morrendo? E as luzes de Paris que agora me beijam divido com vocês. Na certeza de que a manhã de daqui a pouco seja de plena paz", finalizou.
Entenda o caso
Na manhã de 7 de janeiro, dois homens encapuzados e armados com fuzis invadiram a sede do jornal-revista Charlie Hebdo, conhecido por fazer sátiras e piadas ácidas, inclusive com várias religiões, e mataram 12 pessoas, entre eles os cartunistas Cabut, Tignous, Wolinski e o editor Stéphane Charbonier (Charb). Os irmãos Kouachi foram mortos após resistirem a cerco policial e fazerem reféns na cidade de Dammartin-en-Goële, em uma indústria gráfica, nesta sexta, 9 de janeiro. Confira a composição de Rossyr em homenagem aos mortos no massacre da Charlie Hebdo:
Na manhã de 7 de janeiro, dois homens encapuzados e armados com fuzis invadiram a sede do jornal-revista Charlie Hebdo, conhecido por fazer sátiras e piadas ácidas, inclusive com várias religiões, e mataram 12 pessoas, entre eles os cartunistas Cabut, Tignous, Wolinski e o editor Stéphane Charbonier (Charb). Os irmãos Kouachi foram mortos após resistirem a cerco policial e fazerem reféns na cidade de Dammartin-en-Goële, em uma indústria gráfica, nesta sexta, 9 de janeiro. Confira a composição de Rossyr em homenagem aos mortos no massacre da Charlie Hebdo:
DEUSES NÃO MATAM NEM ATERRORIZAM
A manhã de Paris conta seus mortos
Cheiros de pólvora e carnes fuziladas
Buscava eu a Rue Arrondissement
para o primeiro café do passeio
O terror chegou antes de meus passos
A manhã francesa conta seus mártires
Doze mortos instantâneos
Feridos se somam às perdas trágicas
Deuses não matam nem aterrorizam
Mas a estupidez e a intolerância carnificinam
Interpretam leis aos seus cruéis interesses
À tarde revisito a Champs-Élysées
Pelo Arco do Triunfo cruza o coração crispado
Pesa o pranto pelos corpos abatidos
Varados por balas criminosas
No Louvre encontro em prantos a Mona Lisa
Rodin cobre de negro suas obras geniais
Necessárias orações aquecem a Notre Dame
Vista do alto da Torre Eiffel
Paris sepulta em multidões seus mártires
O amor pela liberdade de expressar-se
calou vozes fortes
Porque a França se manifesta livremente
sacrificaram Charbonnier, Cabut, Wolinski, Tignous
Agora sou voz e braços somados às multidões
reunidas na Place de la Republiquee
Mais fortes que o alerta máximo anti-terror
Para que deuses não matem nem aterrorizem
continue a França a festa da liberdade