Não há como não lembrar de 27 de janeiro de 2013. Um domingo de sol que não combinava com um sentimento que tomou conta do Rio Grande e do País, que era para ser uma noite de festa, se tornou uma das maiores tragédias da atualidade. E dois anos depois, é difícil esquecer. Uma noite em que 242 jovens não puderam se despedir das famílias.
A tragédia da Boate Kiss ainda está viva nas mentes de todos que estiveram na boate naquela noite, apenas para se divertir depois de uma semana de estudos. E em uma série de erros, o pior acabou acontecendo. Entre as vítimas, nove jovens gabrielenses ou de ligação com a cidade - Dionatha Kamphorst, Mariana Macedo, Melissa Dal Forno Amaral, Heitor Teixeira Gonçalves, Octacílio Altíssimo Gonçalves, Dulce Raniele Gomes Machado, Andrise Farias Nicoletti, Brady Adrian Gonçalves Silveira, Taíse Carolina Vinas Silveira. A real dimensão do ocorrido viria na manhã de domingo, misturando perplexidade e incredulidade.
Mesmo longe da região, buscamos desde cedo levar as informações do que tinha acontecido, também perplexos com tanta desgraça. Na noite de terça-feira, 29 de janeiro, uma caminhada em memória dos jovens mortos na tragédia levou mais de 16 mil às ruas de São Gabriel. Um silêncio e todos de branco, lembrando aos que partiram sem poder se despedir como gostariam. Desde então, as leis, que antes eram esquecidas, voltaram a ser cobradas com rigor. Mas foi preciso uma tragédia acontecer para isso?
E dois anos depois, ninguém foi condenado pela Justiça. Os sobreviventes buscam se recuperar ou ficar reservados, pelo trauma. As famílias ainda buscam Justiça. E ainda se pergunta: porque? É algo que mesmo que muitos tentem apagar, não se esquecerá.