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02 abril 2013

Opinião do leitor: O Marista, a medalha e os absurdos

Pastor Cláudio Moreira
Pastor evangélico, bacharel em Teologia, ex-presidente da Associação Cultural Alcides Maya

São Gabriel, terra de uma riquíssima formação cultural e histórica, está de aniversário. E como era de se esperar, o Município prepara uma agenda de comemorações especiais. Entre atrações culturais e espetáculos que – esperamos – serão de valor irrisório para uma cidade com situação de emergência financeira decretada, lemos que o novo governo municipal divulgou uma lista de nove homenageados com a Medalha Plácido de Castro, honraria que o Poder Executivo concede tradicionalmente no aniversário da cidade. Desde a criação da medalha, os prefeitos sempre preservaram a tradição de entregar a medalha a um só cidadão a cada ano, justamente para não banalizar a honraria. De uma sentada, o governo do PT já fez nove indicações. No governo da renovação, doam-se medalhas com a mesma prodigalidade que a presidenta Dilma cria ministérios.


Chama a atenção nesta lista de homenagens a presença do irmão marista Antonio Cechin, que foi visto na cerimônia de posse do novo governo municipal entregando ao prefeito uma estatueta de Sepé Tiarajú – a grande obsessão cultural do atual governo. Fico pensando neste provecto senhor, homem forjado na dialética socialista mais radical, recebendo uma honraria tão “burguesa”, numa definição que qualquer socialista de verdade concordaria. Mas a coerência não é exatamente o ponto mais forte da esquerda quando no poder.  Qual seria exatamente a ligação deste religioso tão “exótico” (pra dizer o mínimo) com São Gabriel, para justificar tal despesa do erário público? Bem, Cechin tem sim uma ligação histórica com o Município, e isto merece ser analisado a fundo.

Para quem nunca ouviu falar de quem se trata (não posso criticá-lo se de fato não souber, amigo leitor), Antônio Cechin é uma das figuras de proa da assim chamada “Teologia da Libertação”, corrente teológica que propõe uma releitura dos Evangelhos a partir de categorias do pensamento marxista. É considerado co-fundador do movimento junto  com Gustavo Gutierrez, Leonardo Boff, Hugo Assmann e outros teólogos católicos (juntamente com o protestante René Padilla). A Igreja Católica condena oficialmente esta interpretação teológica por seu enquadramento ideológico distorcido, como deixa claro o então cardeal Joseph Ratzinger (atual papa emérito Bento XVI) nos documentos Liberatis Nuntius (1984) e Libertatis Conscientia (1986), emitidos pela Congregação para Doutrina da Fé. Antes de tais documentos, o então papa João Paulo II, em visita ao Brasil em 1980 declarou com veemência: “A Teologia da Libertação é uma teoria falsa”.  Cechin é um dos principais responsáveis por um movimento teológico que se desvia da Doutrina Social da Igreja Católica, e executa em São Gabriel alguns de seus passos fundamentais.

Cechin foi criador da chamada Romaria da Terra, até hoje realizada pela Regional Sul 3 da CNBB, criada para legitimar o discurso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A segunda e terceira edição da romaria foram promovidas por Cechin em São Gabriel, em 1978 e 1979, mais especificamente no distrito de Tiaraju. Em 1979, o irmão marista Cechin realiza nas dependências do Ginásio Marista São Gabriel o 1º Encontro Estadual das Comunidades Eclesiais de Base, a face brasileira da Teologia da Libertação. Daquele encontro partiriam militantes de Ronda Alta, direto para a invasão da Fazenda Macali, Fazenda Brilhante e a célebre invasão de Encruzilhada Natalino, considerada o marco inicial do MST no Rio Grande do Sul.

Ás turras com a sua própria congregação, a quem criticava por administrar escolas para os “filhos dos ricos”, Cechin há muitos anos não convive mais com os maristas, e tem um abrigo intelectual na Unisinos dos jesuítas, principal instituição superior da América Latina na defesa da Teologia da Libertação. É dali que faz sua campanha pessoal pela canonização de Sepé Tiaraju, coisa que considera apenas uma formalidade, já que para ele, “Sepé já foi canonizado como santo popular”.

Quando um movimento de produtores rurais em São Gabriel se opôs à  desapropriação do Complexo Southall em 2003, Antonio Cechin não ficou nada contente, pois para ele, Sepé Tiarajú só pode ser mencionado se de acordo com sua interpretação ideológica. Tanto assim que esteve pessoalmente em Santa Maria, na caminhada do MST rumo a São Gabriel, em julho daquele ano, estimulando um conflito que teria outros episódios ao longo dos anos. Seria também Cechin um dos insufladores da invasão do MST à prefeitura de São Gabriel em 2009, onde funcionários foram intimidados e o prédio histórico foi vandalizado.

No ato da posse do atual prefeito, Cechin teve a oportunidade de fazer a entrega solene de uma estatueta de Sepé Tiaraju, a quem ele canonizava, dali para diante, como “Patrono dos Prefeitos Populares” (leia-se prefeitos petistas). Sim, Cechin decidiu esta nova nomenclatura sem qualquer processo canônico regular. Cechin sozinho vale por todo o Vaticano. Tempos depois, publicou no site da Unisinos um inacreditável artigo chamado “Mais um Milagre de Sepé Tiaraju”, onde atribuiu a vitória do PT em São Gabriel à intervenção do seu “santo” de devoção. Se no governo alguém mais acredita nisso, está explicado o porquê de tanto empenho na desapropriação de uma área de 7 milhões para a construção de um novo “elefante branco” em memória ao guerreiro guarani.

Eis, enfim, os feitos de um merecedor da medalha Plácido de Castro: incentivador de invasões do MST onde trabalhadores rurais vem sendo ameaçados e agredidos em todo o Estado, incentivador da invasão da prefeitura de São Gabriel e cultivador do ódio ideológico contra uma cultura eminentemente pampeana, forjada na produção rural. O decreto da homenagem faz honras a alguém que se destaca não exatamente pelos serviços prestados ao Município, mas sim ao Partido, numa demonstração da confusa relação do PT com a coisa pública. Talvez o próximo passo seja revogar o nome de Plácido de Castro da medalha, dando o nome de “comenda Sepé Tiarajú” ou algo do gênero. Como duvidar?


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