Juarez Trindade
Colunista do blog
QUANDO É PRECISO DAR UM BASTA!
Pois não queria estar na pele de Baltazar Balbo Teixeira. Começou a campanha do ano passado taco-a-taco com o prefeito Rossano Gonçalves, esse candidato a reeleição, tendo como coadjuvantes Inocêncio Goncalves e Roque Montagner. Mas Balbo incorreu em irregularidade eleitoral, com o que preferiu a renúncia à candidatura. Porém, optou por não apoiar a sua vice – aliás, não só não apoiou como obstaculizou a sua companheira até inviabilizar a substituição -, que seria o caminho natural, apostando todas as suas fichas no candidato do PT, Roque Montagner.
Para tanto e como principal motivação à sua militância, Balbo transformou o pleito numa cruzada contra Rossano, ou seja, o importante era tirá-lo da Prefeitura e não permitir a sua reeleição. O resto, não importava, nem o programa de Roque, nem o PT que viria de brinde, tudo irrelevante. O que valia era tirar Rossano! E a dita militância amarela deu a resposta que Balbo queria, abraçando a candidatura Roque e lhe conduzindo à vitória no pleito. Foram feitos acordos sobre cargos, espaços, etc., obviedades em assuntos desse porte. Mas poucos pensaram no day after, tal o afã em que estavam para apear Rossano.
Várias vezes alertei para isso, várias vezes escrevi sobre o comportamento petista no governo – repito, nada ilegal mas altamente predador e ocupador de espaços como nenhuma outra sigla –, mas o sentimento de ódio era o dominante, não o racional, não a atenção para com as propostas do candidato eleito e sua forma de governar. Mas Balbo sabia disso, claro! O método PT de poder não lhe era desconhecido, óbvio, por sua longa trajetória na política. Imaginou que em São Gabriel seria diferente?
Então, como se chegou a esse ponto, onde o próprio líder amarelo declara, textualmente, ser contra a decisão emblemática de desapropriação da Juca Tigre? Não dendo o bastante, poucos dias depois um preposto qualquer diz e deita falação geral, de forma desrespeitosa e arrogante para com o Legislativo municipal e seus membros, respingando inclusive em Balbo, sepultando qualquer tentativa de revisão da indigitada norma executiva!
Claro, o amigo Baltazar sabe seus limites. Ele sabe que tem vários amarelos ocupando CCs e que seriam defenestrados caso sua rebeldia atingisse o plano institucional! Ele sabe, por outro lado, que seu PSB deve apear do Governo Dilma em função de Eduardo Campos, no plano nacional, e Beto Albuquerque, no estadual! Balbo sabe, claro, que será chamado por Beto para ir a Deputado Federal! As peças estão se movendo, mais rapidamente do que se esperava! Mas Balbo sabe, sim, que vários militantes amarelos estão sendo cooptados pelos cargos oferecidos (o PT não inova aqui, é prática comum nos partidos, engrossar seus quadros dessa forma), bem como outros fiéis seguidores ainda não conseguiram os cargos prometidos.
E Balbo sabe tudo isso e mais um pouco. De consequência, não é fácil a sua posição, nesse momento. E ele tem consciência, extreme de qualquer dúvida, que essa situação de poder só se viabilizou pelo seu aval político e pela sua credibilidade junto aos seus fiéis amarelos.
Por isso o silêncio, igualmente, lhe é nefasto. Não dá mais pra ficar sem tugir nem mugir. Um rei forte faz forte a gente fraca; um rei fraco faz fraca a gente forte. Sentiram o cutuco ?
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