Marcel da COHAB
Colunista do blog
Quanto vale uma vida de um colorado? Quanto vale uma vida de um gremista? Quanto vale uma vida de um flamenguista? Acho que não faz diferença, uma vida é uma vida. Mais uma tragédia anunciada aconteceu anteontem, desta vez, num jogo de futebol em um estádio boliviano, onde um torcedor do Corinthians disparou um foguete que acertou o cérebro de um garoto de Honduras, de 14 anos, que fora ver o time boliviano do San Jose. Quem matou? Quem morreu? Por quê? Antes que façamos julgamentos por cor de camisa de clube é preciso que concluamos: a falta de segurança matou; a impunidade matou; a irresponsabilidade de autoridades matou. A sociedade morreu, quem tem filhos morreu um pouco.
Quem assiste jogos de futebol, em campeonatos sul-americanos, há de reparar que, toda vez que um jogador vai bater um escanteio, ficam 3 policiais com escudos às costas do atleta, ou seja, a autoridade que deveria ser preventiva, admite que entra pessoas com pedras, armas e tudo o que for perigoso à vida, ao colocar policiais com escudos ali.
Ano passado, na Bolívia, jogaram banana, numa atitude racista contra o Neymar. Em todos os casos que se tem noticias, ninguém foi punido. Dias atrás, caiu uma proteção na Arena do Grêmio, motivo de reportagens com torcedores “orgulhosos” de terem caído e que saíram comemorando. Aqui nas redes sociais, minha indignação com o fato foi chamada de “inveja”, foi levada pro lado cublístico, por pessoas que são pais e mães e que, como tal, deveriam se colocar no lugar do pai e da mãe daquelas pessoas que lá caíram.
Até quando a indignação ou a empolgação da gente vai girar em torno só de clube de futebol. E a vida? Eu vejo jornalistas (?) se manifestarem querendo amenizar situações só por tratar-se de seus clubes envolvidos. Qual a culpa do clube de futebol nisso? Ele é tão omisso quando á sociedade e, muitas vezes, paternalista com torcedor baderneiro.
Eu sigo cá com minha opinião, tudo acontece por causa da IMPUNIDADE, razão esta que não vai mudar enquanto formos cidadãos OMISSOS, e defendermos a bandeira de um clube e não a bandeira do SOCIAL.
Ninguém fiscaliza, ninguém previne, ninguém pune, ninguém vai preso. Se um amigo meu, se um sobrinho, um irmão meu, morrer no estádio eu não vou chorar mais ou menos por ele ser Inter ou Grêmio, por ter sido na Arena ou no Beira-Rio...
Será que na imprensa, nas redes sociais, no MP, nas Confederações, não tem ninguém que, como eu, fica indignado com mortes estúpidas, por motivos fúteis, com estádios inaugurados às pressas para satisfazer ego político-partidário de alguém?
Meu Deus, um guri de 14 anos saiu pra ver o futebol e teve a cabeça estourada por outra pessoa só por que não torciam pelo mesmo time e eu não vejo indignação, vejo o assunto ser discutido pela ótica de cor de clube!!!!!!!!!
Onde nós vamos parar? Pra mim, a tragédia de ontem é a mesma da Kiss, com a diferença de que, ontem uma família chorou e perdeu algo irrecuperável, enquanto na Kiss, são mais de duzentas famílias, porém, tragédia é tragédia, com um, com duzentos, com mil.
Quanto vale uma vida?
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