Tiago Fagundes
Colunista do blog
A qualquer custo
Que o Brasil é o país da corrupção (infelizmente), não restam dúvidas. Em todos os níveis e esferas, do serviço público ao privado, ou mesmo nas pequenas ações, aquelas que nós mesmos cometemos no dia-a-dia, às vezes até de forma inconsciente, o brasileiro sempre tenta levar vantagem. Quando o ato de corromper envolve dinheiro e poder, aí mesmo é que somos imbatíveis. Escândalos e mais escândalos são deflagrados toda a semana. São tantos que já nos parecem normais aquelas reportagens no Fantástico ou no Tele-Domingo, escancarando coisas muitas vezes inacreditáveis, mas que acontecem aos montes. Acabamos, assim, conhecendo uma pequena parte do que se passa neste imenso país.
No futebol, não é diferente. Mesmo que a safadeza esteja escancarada, o brasileiro tem a incrível habilidade para tentar ludibriar. E mesmo que a verdade esteja aos olhos de todos, há de se buscar convencer que tal ato foi injusto. Há de se tentar enganar em benefício próprio, a qualquer custo. Exemplos de jogadores “cai-cai” temos aos montes, como aquele considerado por muitos como ídolo, que dizem ser a maior estrela do futebol brasileiro na atualidade. Neymar é a perfeita exemplificação daquilo que o brasileiro é. Joga muito, é verdade.
Mas a todo momento, tenta tirar vantagem buscando mostrar que foi derrubado, que foi atingido covardemente, sem muitas vezes sequer ter sido tocado.
O episódio de sábado no estádio Beira-Rio, no jogo entre Internacional e Palmeiras, quando o argentino Hernán Barcos, centroavante da equipe paulista, fez um gol com a mão que foi corretamente anulado pela arbitragem, surge como mais um lamentável exemplo da safadeza do brasileiro, desta vez, com a mão de um argentino. E convenhamos: a história do futebol nos mostra que eles são habilidosos no quesito gol de mão.
Para quem não assistiu ao jogo, o árbitro da partida validou um gol marcado com a mão, em um primeiro momento. Depois de muita reclamação, voltou atrás e o anulou, corretamente, como mostraram as imagens. Dirigentes do Palmeiras alegam que o árbitro teria sido influenciado por alguém que estava fora do gramado (no caso o delegado da partida) para voltar atrás, o que a regra do jogo não permite.
O que mais me impressionou em toda essa história foi a declaração de do Sr. Piraci Oliveira, diretor jurídico do Palmeiras, que cogita pedir a anulação da partida. Me impressiona é o fato de que não interessa se o árbitro corrigiu seu erro. Importa é o que a regra diz, desde que seja em benefício próprio.
Há de se levar em consideração que a atitude do árbitro pode abrir um precedente perigoso, é verdade.
Mas anular o jogo porque o árbitro corrigiu seu erro? É muita incoerência.
A pergunta é: será que o tal diretor jurídico do Palmeiras pediria a anulação se o gol anulado fosse ao contrário e ele tivesse vencido a partida? Claro que não. O que importa é contar vantagem. É buscar, de todas as formas, legais e ilegais, morais e imorais, tirar proveito em benefício próprio.
E assim, caminha o Brasil.
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