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05 janeiro 2012

Opinião do leitor: Tradicionalismo sem barreiras

Jorge Amaro
Biólogo e ambientalista
Vice-presidente do Coepede

O ano começa atípico para o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), pois, pela primeira vez, a direção do principal Centro de Tradições Gaúchas (CTG), o 35, terá como patroa uma mulher. Essa atitude configura-se num importante passo rumo à igualdade, que nos remete a pensar na trajetória das mulheres e como elas foram se colocando, visto que, por muito tempo, foram consideradas inferiores. Para saírem da invisibilidade, sempre foi preciso luta e organização.



Por outro lado, há um grupo que ainda busca afirmação: o das pessoas com alguma deficiência, que, no RS, segundo o censo do IBGE de 2010, representam mais de 2,5 milhões de gaúchos. A conscientização para a eliminação das barreiras atitudinais, de informação e arquitetônicas, entre outras, que impedem as pessoas com deficiência (PCDs) ou com mobilidade reduzida de participarem da sociedade é um desafio a ser enfrentado pelo mundo moderno.

O governo do Estado, através da Faders (Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para PCDs e Altas Habilidades no RS), junto com o Coepede (Conselho Estadual dos Direitos da PCD), lançou uma campanha de acessibilidade, com o slogan "Siga essa ideia, tchê!", que favorece a conscientização e estimula a construção de uma sociedade que respeite os direitos da PCD, em consonância com a Convenção sobre os Direitos das PCDs da ONU, bem como a legislação brasileira. A proposta busca colocar o Rio Grande do Sul alinhado com o mundo na garantia de direitos àqueles que, historicamente, têm sua dignidade cerceada. Uma das iniciativas foi o Piquete da Acessibilidade, no Acampamento Farroupilha de 2011.

Neste fim de semana, acontece o 59º Congresso Tradicionalista Gaúcho. Lá, a jovem prenda Maira Simões Rodrigues apresentará a tese "Tradicionalismo sem Barreiras", onde propõe que o tradicionalismo, que está inserido nas mais altas esferas de ilibação cultural do Estado, deve acompanhar o progresso das políticas públicas e incluir todos os gaúchos, com deficiência ou não, interessados em cultuar os valores do movimento.

No momento em que a presidente do Brasil anuncia o maior programa da história do país na área da PCD, nada mais justo do que o MTG abrir as portas para os direitos humanos, tornando o acesso universal a todas as pessoas, um dos pilares da cultura gaúcha a ser disseminado por todos os pagos do Rio Grande do Sul. Resta saber quem seguirá essa ideia.


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