A direção da Santa Casa de Caridade de São Gabriel realizou, na manhã de quarta-feira (30), uma coletiva de imprensa para esclarecer a situação financeira da instituição e rebater críticas recentes. O encontro aconteceu no Salão Nobre do hospital, com a presença de jornalistas, servidores da casa e representantes do município.
O provedor da Santa Casa, Cilon Lopes Siqueira, e o administrador, Dilnei Garate, destacaram que o hospital é uma entidade privada e filantrópica, que presta serviços para o Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de contratos com os governos municipal, estadual e federal. Segundo os gestores, cerca de 92% dos atendimentos realizados em 2024 foram via SUS, o que correspondeu a uma receita de R$ 32 milhões dentro de um total de R$ 63 milhões arrecadados no ano.
O problema, segundo a direção, é que os custos para manter os serviços são maiores: as despesas somaram R$ 76,5 milhões, gerando um déficit de mais de R$ 13 milhões no ano passado. O administrador afirmou que os valores pagos pelo SUS estão muito defasados. Como exemplo, citou que um parto normal paga R$ 267, e uma consulta simples, apenas R$ 10. “A tabela está congelada há décadas e não cobre o custo real dos atendimentos”, explicou.
Os gestores também garantiram que os dados financeiros são públicos e estão disponíveis no site da Santa Casa. As prestações de contas são feitas a cada três meses junto à 10ª Coordenadoria Regional de Saúde, com base em contratos publicados no Diário Oficial.
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A coletiva de imprensa foi realizada na manhã de quarta-feira (30), no Salão Nobre do hospital, com a presença de veículos de comunicação, servidores da instituição e representantes da gestão pública |
A coletiva também abordou a recente auditoria feita pela Prefeitura. A direção informou que todos os documentos solicitados foram entregues e criticou a falta de conclusões e recomendações no relatório. “Faltou uma análise mais técnica e objetiva dos dados. Foram usadas expressões vagas, sem embasamento”, disse Garate.
Sobre as emendas parlamentares anunciadas por deputados, os gestores explicaram que muitas são apenas indicações e ainda não foram pagas. Desde setembro de 2024, a Santa Casa recebeu apenas uma emenda no valor de R$ 400 mil. A equipe ressaltou que todas as emendas recebidas são divulgadas e detalhadas nas redes sociais da instituição e nos canais de imprensa.
Durante a coletiva, servidores da Santa Casa também se manifestaram, defendendo o trabalho dos profissionais e relataram que muitas críticas feitas à instituição desmotivam quem está diariamente atendendo a população. “Trabalhar na saúde é difícil. Fazemos o possível com o que temos”, disse uma delas, emocionada.
A Secretária Municipal de Saúde em exercício, Saionara Marques, também participou e explicou que todos os recursos vindos dos governos — sejam convênios, obras ou emendas — são recursos SUS. Ela destacou que a tabela está defasada, mas há complementações que ajudam no custeio dos serviços.
A possibilidade de intervenção da Prefeitura na gestão da Santa Casa, como ocorreu em outros municípios, foi descartada. Segundo a direção, o hospital segue atendendo normalmente, sem interrupções, e está buscando alternativas para aumentar a receita e cortar despesas, como a implantação de um centro de custos e revisão de contratos.
No encerramento, o provedor Cilon Lopes reafirmou que o hospital está aberto ao diálogo, salientando que sempre estará à disposição da imprensa e que eventuais acusações infundadas serão respondidas na Justiça. “Aqui não há caixa-preta. Temos dificuldades, sim, mas tudo é feito com transparência. Precisamos de apoio, não de ataques”, concluiu.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 30/07/2025 16h37
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