A Polícia Federal cumpriu, nesta sexta-feira (18), mandados de busca e apreensão contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além das buscas, foram impostas medidas como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 6h e aos finais de semana), proibição de uso de redes sociais e de contato com autoridades estrangeiras ou entrada em embaixadas e consulados.
Segundo Moraes, as medidas têm como base declarações públicas de Bolsonaro, que, de acordo com o ministro, teriam sinalizado uma tentativa de extorsão ao condicionar a retirada de tarifas comerciais anunciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a uma eventual anistia no Brasil. Bolsonaro é investigado no inquérito que apura uma tentativa de golpe em 2022.
As declarações ocorreram após Trump anunciar, em 9 de julho, uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, mencionando perseguição judicial contra Bolsonaro e criticando o STF. Em manifestações posteriores, Bolsonaro relacionou a suspensão das tarifas à aprovação de uma anistia, afirmando no dia 17: “Vamos supor que Trump queira anistia. É muito, se ele pedir isso aí? A anistia é algo privativo do parlamento. Não tem que ninguém ficar ameaçando tornar inconstitucional.”
Para o ministro, as falas configuram tentativa de instrumentalizar autoridades estrangeiras para pressionar o STF e interferir em investigações em curso. Moraes também apontou como relevante o repasse de R$ 2 milhões feito por Bolsonaro ao filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos Estados Unidos, o que, segundo ele, indicaria articulação conjunta para influenciar os desdobramentos do inquérito.
Durante as buscas, foram apreendidos documentos, um celular, 14 mil dólares em espécie, um pendrive no banheiro da residência de Bolsonaro e uma petição inicial destinada à Justiça norte-americana contra Moraes.
Em entrevista após a colocação da tornozeleira eletrônica, Bolsonaro declarou que as medidas são uma "suprema humilhação", negou a intenção de deixar o país ou buscar abrigo em embaixadas e criticou as restrições: “Eu não posso falar com meu filho Eduardo também. Isso é humilhação. Que provas têm contra mim? Eu não tenho a menor dúvida que é perseguição”, afirmou em coletiva na saída da sede da Secretaria de Administração Penal de Brasília.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 18/07/2025 14h59
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