MEMÓRIA | Brasil relembra 40 anos da morte de Tancredo Neves, presidente eleito que não tomou posse

Eleito pelo Colégio Eleitoral em janeiro, Tancredo Neves não pode tomar posse e teve graves problemas de saúde que levaram à sua morte em 21 de abril de 1985 (foto divulgação)

Neste 21 de abril, o Brasil relembra os 40 anos da morte de Tancredo Neves, presidente eleito em 1985 que não chegou a ser empossado. Sua trajetória está diretamente ligada ao processo de redemocratização do país após o regime militar, encerrado com sua eleição pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro daquele ano.

Tancredo foi escolhido por uma ampla coalizão política para liderar a transição democrática. A expectativa era de que tomasse posse em 15 de março de 1985, o que não ocorreu devido a uma grave crise de saúde. Internado na véspera da cerimônia por causa de fortes dores abdominais, ele passou por sete cirurgias e permaneceu hospitalizado por 38 dias, falecendo em 21 de abril, aos 75 anos. Uma sucessão de erros médicos pode ter contribuído para sua morte.

Inicialmente, a causa do óbito foi divulgada como diverticulite, mas análises posteriores identificaram um leiomioma infectado como provável origem do problema. Durante o período de internação, o vice-presidente eleito, José Sarney, assumiu interinamente o governo e acabou sendo efetivado como presidente, conduzindo o país até 1990 e dando sequência ao processo de redemocratização.

O anúncio da morte de Tancredo entrou para a história. Transmitido pelas redes de TV na noite de domingo, por volta das 22h30, direto do Instituto do Coração, em São Paulo, os repórteres aguardavam mais um boletim sobre o estado de saúde do político. Foi então que o jornalista Antônio Britto — que anos depois viria a ser governador do Rio Grande do Sul na década de 1990, pelo então PMDB (hoje MDB) — surgiu diante das câmeras e fez o anúncio: “Lamento informar que o excelentíssimo senhor Presidente da República Tancredo de Almeida Neves faleceu esta noite, no Instituto do Coração, às 10 horas e 23 minutos”, seguido de um texto que reverenciava a memória do recém-falecido presidente.

As despedidas foram acompanhadas por dias pela televisão, e um clima de comoção tomou conta do país, marcado pela música “Coração de Estudante”, de Milton Nascimento. Mesmo sem ter tomado posse, Tancredo Neves foi reconhecido oficialmente como presidente da República pela Lei nº 7.465, de abril de 1986. Seu nome segue vinculado à memória do retorno do Brasil ao regime democrático e ao fim oficial de 21 anos de ditadura militar.

Reportagem: Marcelo Ribeiro 

Data: 21/04/2025 11h20

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