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Se estivesse viva, Elis Regina completaria 80 anos nesta segunda, 17 de março; carreira da cantora foi marcante por várias coisas e pela personalidade forte (foto divulgação) |
Nesta segunda-feira, 17 de março, se estivesse viva, Elis Regina Carvalho Costa, ou simplesmente Elis Regina, completaria 80 anos. A data é lembrada com diversos eventos e homenagens nas redes sociais, celebrando aquela que é considerada a maior cantora brasileira de todos os tempos. Dona de uma personalidade forte e intensa, Elis era capaz de expressar sentimentos opostos, como melancolia e felicidade, em uma mesma apresentação.
Com sucessos como Madalena, Como Nossos Pais, Alô, Alô Marciano, O Bêbado e a Equilibrista, Querelas do Brasil e Águas de Março (gravado com Tom Jobim), Elis Regina, nascida na Vila do IAPI, em Porto Alegre, em 17 de março de 1945, consagrou-se aos 16 anos, quando cantou na Rádio Farroupilha. Em 1960, foi contratada pela Rádio Gaúcha e, no ano seguinte, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde gravou seu primeiro disco, Viva a Brotolândia.
Elis iniciou sua trajetória na bossa nova, mas consolidou-se na MPB. Além de sua voz inconfundível, revelou ao Brasil compositores até então desconhecidos, como Milton Nascimento (com quem teve uma grande amizade), Renato Teixeira, Tim Maia, Gilberto Gil e João Bosco, entre outros.
Com o passar dos anos, aprimorou sua técnica vocal e tornou-se uma das artistas mais engajadas politicamente. Suas críticas à ditadura militar nos chamados "Anos de Chumbo" renderam-lhe o título de uma das principais defensoras da anistia aos exilados políticos. O temperamento forte também lhe conferiu a fama de "briguenta", o que lhe rendeu o apelido de "Pimentinha", dado por Vinicius de Moraes. Outro apelido, "Eliscóptero", surgiu de forma pejorativa devido ao gesto característico de girar os braços nas apresentações do início da carreira.
Elis também se incomodava com a expectativa de que representasse a cultura gaúcha, o que pode ter contribuído para seu afastamento do Rio Grande do Sul ao longo da carreira. Seu percurso musical foi interrompido tragicamente em 1982, quando foi encontrada desacordada em seu apartamento. A causa de sua morte, inicialmente controversa, foi determinada como overdose de cocaína associada ao consumo de álcool. Morria a artista, mas nascia o mito.
Com interpretações carregadas de emoção, Elis conquistava e arrebatava o público. Sua influência permanece até hoje, e sua filha, Maria Rita, seguiu os passos da mãe na música, ainda que em um estilo próprio, mas sempre remetendo à inconfundível voz de Elis. A cantora foi eternizada com uma estátua junto à Orla do Guaíba, em Porto Alegre, além de várias homenagens ao longo destes anos.
Para marcar os 80 anos de seu nascimento, a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) promove uma série de atividades em homenagem à cantora. O espaço, que abriga um acervo dedicado a Elis e foi reaberto no último sábado, conta com objetos como um violão que lhe pertenceu, além de fotos e discos que retratam sua trajetória.
A reabertura da exposição permanente ocorre após reformulações no espaço e a inclusão de novos itens, como uma imagem da cantora com o escritor Caio Fernando Abreu, provenientes do acervo da artista no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS. Quando foi criado, em 2005, o espaço teve entre seus patrocinadores a Urbano Agroindustrial, conforme registrado em uma placa no local. As programações se estendem até o final de março e incluem a participação da atriz e cantora Laila Garin, que interpretou Elis no espetáculo Elis, a Musical.