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Há 40 anos, eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral dava fim ao regime militar no País; político era o primeiro presidente civil após 21 anos (foto Célio Azevedo/Agência Senado) |
Há 40 anos, com a eleição indireta de Tancredo de Almeida Neves, o Brasil viu chegar oficialmente ao fim a ditadura militar, instaurada por meio de um golpe em 31 de março de 1964. Tancredo, integrante do PMDB e da Aliança Democrática, foi eleito para um mandato de quatro anos pelo Colégio Eleitoral, formado por senadores, deputados e delegados das assembleias legislativas estaduais. Ele obteve 480 votos contra 180 do candidato governista, Paulo Maluf, à época filiado ao PDS. Assim, teve início a chamada Nova República.
Tancredo foi eleito com cerca de 72% dos votos, uma vitória expressiva sobre Maluf, cuja candidatura dividiu o partido governista. "Continuemos reunidos, como nas praças públicas, com a mesma emoção, a mesma dignidade e a mesma decisão. Se todos quisermos, dizia-nos, há quase 200 anos, Tiradentes, aquele herói enlouquecido de esperança, podemos fazer deste país uma grande nação. Vamos fazê-la!", declarou Tancredo ao fim de seu discurso após o anúncio do resultado.
Tancredo recebeu os votos dos integrantes do PMDB, do PDT, da maioria do PTB e da Frente Liberal, grupo dissidente do PDS, originado da antiga ARENA. Houve 26 abstenções, incluindo a de cinco parlamentares do PT, orientados a votar nulo pelo diretório nacional do partido, que defendia a realização de eleições diretas para a escolha do presidente.
O Colégio Eleitoral foi formado após a frustrada campanha pela aprovação da Emenda das Diretas, de autoria do deputado Dante de Oliveira, rejeitada pelo Congresso em abril do ano anterior. Entre novembro de 1983 e abril de 1984, milhões de brasileiros foram às ruas em mais de 40 comícios e passeatas por todo o país, clamando por eleições livres para presidente.
Apesar da decepção com a rejeição da emenda, os brasileiros depositaram suas esperanças na eleição de Tancredo, o primeiro presidente civil após 21 anos de regime militar. No entanto, problemas de saúde impediram Tancredo de tomar posse em 15 de março de 1985; ele precisou ser operado às pressas no Hospital de Base, em Brasília, por problemas intestinais que viriam a se agravar. Seu vice, José Sarney, assumiu o cargo interinamente, tornando-se o titular definitivo após negociações que garantiram sua posse e afastaram o risco de um retrocesso militar.
Tragicamente, Tancredo faleceu em 21 de abril de 1985, devido a complicações de saúde, comovendo os brasileiros e marcando o início da Nova República.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 15/01/2025 08h54
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