Stumpf se opôs a tentativa de golpe em 2022 e foi atacado por sua posição (foto Marcelo Ribeiro/arquivo C7) |
O general do Exército Valério Stumpf Trindade, natural de São Gabriel, afirmou em entrevista ao Portal Metrópoles nesta quinta-feira, 5 de dezembro, que foi alvo de ataques após cumprir suas obrigações durante a transição de governo em 2022. Na época, Stumpf, então chefe do Estado-Maior do Exército, enfrentou críticas de civis e militares radicais que defendiam uma intervenção federal para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Fui vítima de ataques por cumprir a minha obrigação. Defendi a democracia em tempos complexos. Tenho orgulho de ter agido de forma leal ao comandante do Exército e ao Exército Brasileiro", declarou o general.
Stumpf mantinha diálogo institucional com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), liderado pelo ministro Alexandre de Moraes, para reforçar a segurança das urnas eletrônicas. Durante investigações da Polícia Federal (PF) sobre um plano de golpe de Estado, mensagens atribuíram ao general o papel de “informante” de Moraes, alegação que ele negou.
“Estávamos discutindo métodos para reforçar a segurança e a transparência das urnas. Meu contato era institucional, sempre com a Secretaria-Geral do TSE. Distorceram isso para alimentar versões falsas, me chamando de ‘informante’ ou algo criminoso. Nunca aconteceu. É uma inverdade”, explicou Stumpf.
Campanha de ataques nas redes sociais
Mensagens obtidas pela PF apontaram que influenciadores e comunicadores articularam uma campanha de ataques contra Stumpf nas redes sociais. Termos como “estabilidade institucional” e “impossibilidade de ruptura democrática”, utilizados pelo general, foram vazados e usados para criticá-lo em grupos de civis e militares radicalizados.
Segundo a PF, publicações buscavam pressionar Stumpf antes da posse e, posteriormente, responsabilizá-lo pela transição de governo. Sua filha chegou a ouvir que ele era um “traidor da Pátria”. Em redes sociais, uma postagem com a foto do general dizia: “Vamos deixar esse general melancia famoso”.
Stumpf foi citado em diálogos entre os coronéis Bernardo Romão Corrêa Netto e Fabrício Moreira de Bastos, que incluíram seu nome em uma lista de “5 generais contrários ao golpe”. A lista também mencionava Richard Nunes, Tomás Ribeiro Paiva, André Luís Novaes Miranda e Guido Amin Naves.
Defesa da democracia
O general reiterou que suas ações estavam alinhadas com o Alto-Comando do Exército e o então comandante Freire Gomes. "Solicitamos ao TSE medidas como o teste de integridade com biometria, que foram implementadas. Essas ações fortaleceram a segurança e a credibilidade das urnas eletrônicas. Nosso foco sempre foi preservar a democracia", destacou.
Natural de São Gabriel, Valério Stumpf Trindade comandou o Comando Militar do Sul entre abril de 2020 e maio de 2022, quando assumiu a chefia do Estado-Maior do Exército em Brasília. Ele foi condecorado com a Medalha Plácido de Castro em março de 2022.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 06/12/2024 07h23
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