Jerônimo Jardim morreu nesta quinta aos 78 anos, em decorrência de insuficiência respiratória (foto divulgação/arquivo pessoal) |
O músico, compositor, escritor e funcionário público aposentado Jerônimo Jardim morreu na tarde desta quinta-feira (3), aos 78 anos. Natural de Bagé (embora nascido em Jaguarão), Jardim estava internado no Hospital Moinhos de Vento desde o início de julho, com insuficiência respiratória e demais comorbidades. Ele deixa dois filhos do primeiro casamento, um neto de 10 anos e a atual esposa, Clair Jardim.
Jardim começou sua carreira musical nos anos 1970, em Porto Alegre. Em 1980, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde compôs sucessos como "Vento e Pó" e "Purpurina", interpretada por Lucinha Lins e vencedora do festival MPB Shell, em 1982.
Em 1985, de volta ao Rio Grande do Sul, foi responsável por uma das grandes polêmicas da Califórnia da Canção Nativa, a "mãe dos festivais nativistas" gaúchos. Sua música "Astro Haragano", alusiva à passagem do cometa Halley, foi declarada vencedora do evento, para contrariedade da plateia, que o vaiou.
A experiência foi tão traumática em Uruguaiana que Jardim acabou se retirando dos palcos até meados dos anos 1990, dedicando-se, predominantemente, à publicidade, mas também dando aulas de Direito do Trabalho e veio a passar no concurso público para o judiciário. Sua atuação foi tão destacada que ele chegou a assessorar a
A redenção viria em 1996, quando voltou ao festival e, fora de competição, foi ovacionado por mais de 4 mil pessoas ao apresentar a mesma Astro Haragano. Nos anos seguintes, lançaria novos discos e seguiria ativo em uma nova faceta da criação artística: a produção de livros infantojuvenis. Foram cinco, no total, de Cri-Cri, o Grilo Gaudério (Ed. Tchê) até Sob Fogo Cruzado (L&PM), além de dois livros voltados para o público adulto — In Extremis: na Alça de Mira e Serafim de Serafim, ambos pela editora Alcance.
Foi premiado com troféus Açorianos (Porto Alegre) por três vezes: pelo conjunto da sua obra em 2007, como compositor de MPB em 2011 e na categoria álbum de MPB pelo seu último disco,"Singular e Plúrimo", em 2015.
Fez muitas parcerias, com artistas como Ivaldo Roque, Luiz Coronel, Geraldo Flach, Raul Ellwanger, Peri Souza, Bebeto Alves, Jaime Vaz Brasil, Sérgio Napp, Paulinho Tapajós, Toneco da Costa, Gelson Oliveira, entre outros. A composição "Rancheirinha", de Geraldo Flach, foi revisitada recentemente no disco "Flachianas", de Cristian Sperandir, e ganhou letra de Jerônimo Jardim, que foi interpretada pela cantora Shana Müller.
Jardim deixa um legado de música, literatura e arte que será lembrado por muitas gerações.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 03/08/2023 15h43
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