Começaram neste domingo, 5 de fevereiro, as atividades da Semana de Sepé Tiaraju em São Gabriel. A programação que lembra os 267 anos da morte do líder missioneiro foram iniciadas com palestras e debates na Câmara de Vereadores, promovidas pela comissão organizadora formada por várias entidades, que vão até a terça-feira, 7 de fevereiro.
A primeira atividade aconteceu no final da tarde no Plenário do Poder Legislativo. O cacique Natalino dos Santos, também conhecido como Cacique Yacanguruy, salienta que as atividades são para manter viva a memória de Sepé Tiaraju e afirmar o lugar do povo indígena em São Gabriel. "Queremos propiciar oportunidades para o diálogo, a troca de conhecimentos e a discussão sobre políticas públicas para as comunidades indígenas", afirmou Natalino.
Compositor e cantor argentino Martín Coplas fez show de abertura em homenagem a Sepé e destacou importância de fortalecer sua memória |
Organizador das atividades, Cacique Natalino dos Santos também frisou importância de Sepé |
Na abertura, esteve presente também o compositor e cantor argentino Martín Coplas, radicado em Porto Alegre e que é descendente dos indígenas quechua e aymara, compositor da "Missa da Terra Sem Males". Ele, que também é discípulo do padre Antônio Cechin, estudioso de Sepé Tiaraju falecido em 2016, afirmou que a busca para a beatificação de Sepé Tiaraju como santo será retomada em 2023 e que o bispo diocesano, Dom Cleonir Dalbosco, estará na terça-feira em São Gabriel para anunciar esta ação.
A programação foi aberta com apresentação de Coplas, juntamente com o professor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e integrante do NEABI (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) Oxalá Sepé, Rafael Cruz, em homenagem aos povos indígenas e a Sepé.
Natalino, maior divulgador do líder missioneiro, fez homenagens a Sepé Tiaraju na abertura |
Noite teve palestras sobre arquitetura indígena, histórico de São Gabriel e debates sobre a história dos povos originários |
A programação foi concluída com uma palestra da arquiteta Raquel Reck, sobre os projetos de arqueologia em Área Missioneira e um debate sobre Sepé Tiaraju e os povos originários, encerrando a noite. A Semana é realizada pelo Movimento Sepé Tiaraju, a cargo do cacique Natalino dos Santos, com apoio da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) por meio do NEABI (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) Oxalá Sepé, Prefeitura de São Gabriel, Coletivo Vivenciar e Centro Xamânico de São Gabriel.
A Prefeitura informou em postagem nas redes sociais que o monumento a Sepé que estava na Sanga da Bica foi removido para o Museu Nossa Senhora Rosário Bom Fim (Igreja do Galo) onde ficará para visitação. Confira a programação dos demais dias:
06/02 - Segunda-feira
17h - "Memória e Patrimônio", com os professores Júlio Quevedo dos Santos (UFSM) e Janine Dorneles Pereira (SEME)
Local: Câmara Municipal de Vereadores de São Gabriel
07/02 - Terça-feira
08h30 - Mística e reflexão coletiva sobre a memória material e imaterial de Sepé
Local: Sanga da Bica (Rua Juca Tigre)
10h30 - Solenidade de apresentação da proposição da aldeia Guarani em São Gabriel
Local: Câmara Municipal de Vereadores de São Gabriel
Tarde - Atividades livres
SAIBA MAIS
Nascido por volta de 1723 em São Luís Gonzaga, Sepé é reconhecido como herói guarani missioneiro rio-grandense e herói da pátria brasileira, por ter defendido a dignidade do povo brasileiro até a sua morte. Tiaraju foi um guerreiro indígena brasileiro, considerado santo popular e declarado "herói guarani missioneiro rio-grandense" por lei.
Chefe indígena dos Sete Povos das Missões, liderou uma rebelião contra o Tratado de Madri. Sepé é, historicamente, conhecido por ter resistido aos ataques militares espanhóis e portugueses do período colonial. Foi morto em 7 de fevereiro de 1756, nas proximidades da Sanga da Bica, onde seu cavalo teria pisado em um buraco e o derrubou; ao levantar, foi golpeado com uma lança por um soldado português e após, o espanhol Joaquim Viana deu-lhe um tiro mortal com uma pistola.
Em 2006, uma série de atividades lembrou os 250 anos da morte de Sepé na Sanga da Bica, com shows e palestras, além de um espetáculo cênico no local. O evento, que teve apoio do Governo Federal, marcou a entrada pela primeira vez do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) na cidade. No Parque Tradicionalista, movimentos sociais se hospedaram no local.
No dia 21 de setembro de 2009, foi publicada a Lei Federal 12.032/09, que traz em seu artigo 1º o texto "Em comemoração aos 250 (duzentos e cinquenta) anos da morte de Sepé Tiaraju, será inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Liberdade e da Democracia, o nome de José Tiaraju, o Sepé Tiaraju, herói guarani missioneiro rio-grandense." Como homenagem ao heroísmo e à coragem de Sepé Tiaraju, a rodovia RS 344 recebeu o seu nome.
Existe também no Rio Grande do Sul o município de São Sepé, nome que reflete a devoção popular pelo herói indígena. Sepé também é lembrado em monumentos em várias cidades das Missões e aqui na Sanga da Bica, inaugurada em 2015, quando mais de 200 indígenas compareceram às comemorações na época.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 05/02/2023 20h09
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