Mais uma via-crúcis para a família de Gabriel Marques tem seu capítulo hoje, com audiência para ouvir mais testemunhas na Justiça Militar, em São Gabriel, nesta quarta e quinta (foto Marcelo Ribeiro/arquivo portal Caderno7) |
Adiados anteriormente por motivos alheios à vontade do Tribunal de Justiça Militar (TJM), os depoimentos de testemunhas do Caso Gabriel Marques Cavalheiro acontecem nesta quarta e quinta-feira, 15 e 16 de fevereiro, a partir do meio-dia no Fórum de São Gabriel. Os familiares deverão estar presentes, assim como os policiais militares que são réus.
A audiência que era prevista no final de fevereiro foi adiada porque os advogados dos policiais, Maurício Custódio e Shaianne Lourenço Linhares sofreram um acidente quando chegavam em São Gabriel. Cerca de treze testemunhas, entre acusação, defesa e referidas, mencionadas por outras testemunhas ao longo do processo, deverão ser ouvidas pela juíza Viviane Freitas Pereira, da auditoria de Santa Maria.
Audiências já foram realizadas em Porto Alegre, São Gabriel e em Santa Maria. Outro inquérito é apurado na Justiça Civil. Nele, a primeira audiência aconteceu em novembro de 2022. Os réus estão em São Gabriel e acompanham os depoimentos na audiência.
Os advogados vinham para São Gabriel em um Nissan Kicks quando ao entrar no Posto Paradouro e reduziram a velocidade para manobrar, foram atingidos na traseira por um Renault Kwid de Porto Alegre.
RELEMBRE O CASO
Na noite de 12 de agosto, Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, tinha se perdido da casa de seu tio no Bairro Independência, onde estava residindo para realizar exames de admissão ao Exército na semana seguinte. Próximo da meia-noite, ele chegou na casa de uma vizinha na rua Sete de Setembro, que acionou a Brigada Militar porque segundo ela, ele queria forçar a entrada no local.
Os policiais militares Raul Veras Pedroso, Arleu Cardoso Jacobsen e Cleber Ramos de Lima chegaram ao local, algemaram e teriam agredido Gabriel, que foi imobilizado e levado para dentro de uma viatura da BM. Testemunhas afirmaram que ele foi atingido por "pelo menos dois ou três golpes de cassetete" e foi a última vez que ele foi visto com vida.
O tio dele deu falta no dia seguinte e informou a família, que iniciou as buscas e ao chegar junto à Brigada Militar, a corporação negou inicialmente e depois, corrigiram a informação, onde afirmaram que o jovem foi levado até o Lavapé, a 2 km de onde ele foi abordado, "a pedido dele".
As buscas foram feitas na região durante cinco dias e concentradas em um açude, até que no final da tarde de 19 de agosto, o corpo foi localizado submerso nas águas. Os três policiais foram imediatamente presos, após comoção popular e continuam detidos no Presídio Militar de Porto Alegre.
Os três policiais prestaram depoimentos em três ocasiões, sendo duas vezes para a BM e uma para a Polícia Civil. Em todas, eles negaram envolvimento no assassinato de Gabriel. Os laudos apontaram que Gabriel morreu vítima de hemorragia interna, causado por ação de "instrumento contundente" e os policiais foram indiciados no inquérito militar por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Em 1º de setembro, a Polícia Civil indiciou os suspeitos por homicídio doloso triplamente qualificado.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 15/02/2023 09h04
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