Golpe fez vítimas em São Gabriel, entre elas o catador Perdigão, que deixou de receber metade do dinheiro que tinha direito (foto Giovani Grizotti/RBS TV/Especial) |
O esquema envolveria ex-integrantes do Judiciário e Ministério Público, além de dois advogados suspeitos de lesar os clientes nos processos. A investigação apontou que os advogados Evandro Montemezzo e Flávio Carniel teriam recebido 15 milhões da operadora Oi para para desistir das ações sem que os clientes soubessem, abrindo mão do dinheiro a que teriam direito. Estes valores eram referentes a ações da antiga CRT.
Muitos dos clientes lesados, de acordo com a Promotoria responsável pelo caso, teriam direito a receber milhões de reais quando na verdade receberam pequenas quantias ou nada. Para garantir o ressarcimento das vítimas, a Promotoria conseguiu judicialmente bloquear contas bancárias, dois veículos de luxo e sete imóveis dos advogados, incluindo uma mansão de Evandro Montemezzo, situada no Centro de Taquari, onde também foi cumprido mandado de busca.
Um outro advogado de Porto Alegre e Procurador de Justiça aposentado também é alvo de investigações, além de mais dois advogados, que eram ligados ao escritório de Maurício Dal'Agnol, de Passo Fundo. A PF diz que Roger Maurício Bellé, de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, e Cássio Viegas de Oliveira, de Montenegro, no Vale do Caí, representavam vítimas que tinham direito a mais R$ 60 milhões. Nesses processos, um dos acordos era de R$ 12 milhões, que seriam destinados a cinco clientes.
Em São Gabriel, o padeiro Edson Geriberto Boeck, atendido pelos advogados, teria direito a mais de R$ 600 mil, mas recebeu apenas R$ 3,5 mil. Hoje, ele vive com um salário mínimo. Vítima de infarto, precisa comprar 11 medicamentos.
“Foi advogado do diabo. Tanto de um lado como do outro, só que ele visou só o lado dele, ele não visou o lado do cliente, ele não preservou a ética de um advogado que se preze”, desabafa. “Isso foi uma traição aos clientes, traição a confiança dos clientes, sem contar que essa postura dele violou todos os deveres éticos de um advogado”, afirma a advogada Ana Carolina Reschke, que defende as vítimas.
Outra vítima do golpe foi o catador Paulo Ubirajara de Moura, conhecido como Perdigão e que junto com a mãe, foi procurado por um dos advogados. O acordo reduziu a metade o dinheiro a que eles tinham direito. “As pessoas acabam desacreditando em tudo, a gente fica sem ter o que dizer praticamente. Dizer o quê? Não dá pra confiar em nada, a gente confia e leva o golpe”.
Segundo nota, a Oi disse que não é o objeto da investigação mencionada na reportagem e que "buscará colaborar para que os fatos sejam esclarecidos". Os advogados discordam das acusações e disseram serem vítimas de "injustiças" e que os pagamentos foram todos feitos dentro da lei. O episódio pode chamar a atenção também para que as pessoas tenham mais cuidado e possam também procurar advogados da cidade ao invés dos de fora.
Reportagem: Marcelo Ribeiro com informações do G1 RS e Giovani Grizotti
Data: 15/05/2017 15h32
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