Alexandre Cruz
Colunista do blog
Maldito Brasil
Chejov, escritor dos Jardins dos Cerezos, utilizava a técnica dos diálogos divergentes para criar uma atmosfera. A política brasileira virou uma obra de Chejov em que cada um dos atores expressa seus sentimentos, mas são incapazes de comunicar-se e se afastam dos demais. Não vou cair na tentação de buscar semelhanças entre os dirigentes de nossos partidos e o variado elenco de personagens chejovianos, embora recomende aos leitores que olhem a Tia Vania, drama que os ódios familiares e os desamores saem quando Serebiakov e Elena voltam ao sítio familiar.
O problema dos políticos brasileiros é, como o texto de Chejov, a excessiva proximidade, compartem um microclima rarefeito, uma atmosfera cheia de vírus maligno e de ódios domésticos que intoxicam a conduta. Partidos políticos de direita alimentam essa dinâmica que divide os brasileiros bons e maus.
Sempre pensei que Brasil é um país golpista, que colabora com a nossa história e no nosso parlamento muitas vezes as diferenças se resolviam com as pistolas e a liquidação do adversário. Afortunadamente, isso é coisa do passado. Somos muito mais civilizados e estamos acostumados a resolver as nossas diferenças nas urnas. Mesmo assim, sobrevive um espírito golpista e provinciano que parece traição dialogar e chegar a acordos com o adversário político.
Se, nem sequer somos capazes de estarmos de acordo com os nomes de ruas, como vamos, governar, seja situação, seja oposição, para que este país saia adiante dessa crise econômica? Brasil é um grande país, com uma cultura e atrações impressionantes que vão desde o patrimônio histórico até a comida, passando pela sua diversidade e suas maravilhosas paisagens. Mas, nós, brasileiros, politicamente não prestamos. Cresceu o nosso nível de renda, mas se reduziu o nosso sentido comum.
Seguimos presos pelo passado e por localismos, enquanto o mundo muda aos nossos olhos sem que sejamos capazes de reagir. Somente nos ocupa e nos preocupa o trivial. As roupas ou se está nua num desfile de carnaval é o mais importante que a globalização ou as mudanças geoestratégicas. E assim vai. Mas, não deixamos de amar esse maldito Brasil que tanto nos faz sofrer.
Data: 12/02/2016 11h30 Colunista do blog
Maldito Brasil
Chejov, escritor dos Jardins dos Cerezos, utilizava a técnica dos diálogos divergentes para criar uma atmosfera. A política brasileira virou uma obra de Chejov em que cada um dos atores expressa seus sentimentos, mas são incapazes de comunicar-se e se afastam dos demais. Não vou cair na tentação de buscar semelhanças entre os dirigentes de nossos partidos e o variado elenco de personagens chejovianos, embora recomende aos leitores que olhem a Tia Vania, drama que os ódios familiares e os desamores saem quando Serebiakov e Elena voltam ao sítio familiar.
O problema dos políticos brasileiros é, como o texto de Chejov, a excessiva proximidade, compartem um microclima rarefeito, uma atmosfera cheia de vírus maligno e de ódios domésticos que intoxicam a conduta. Partidos políticos de direita alimentam essa dinâmica que divide os brasileiros bons e maus.
Sempre pensei que Brasil é um país golpista, que colabora com a nossa história e no nosso parlamento muitas vezes as diferenças se resolviam com as pistolas e a liquidação do adversário. Afortunadamente, isso é coisa do passado. Somos muito mais civilizados e estamos acostumados a resolver as nossas diferenças nas urnas. Mesmo assim, sobrevive um espírito golpista e provinciano que parece traição dialogar e chegar a acordos com o adversário político.
Se, nem sequer somos capazes de estarmos de acordo com os nomes de ruas, como vamos, governar, seja situação, seja oposição, para que este país saia adiante dessa crise econômica? Brasil é um grande país, com uma cultura e atrações impressionantes que vão desde o patrimônio histórico até a comida, passando pela sua diversidade e suas maravilhosas paisagens. Mas, nós, brasileiros, politicamente não prestamos. Cresceu o nosso nível de renda, mas se reduziu o nosso sentido comum.
Seguimos presos pelo passado e por localismos, enquanto o mundo muda aos nossos olhos sem que sejamos capazes de reagir. Somente nos ocupa e nos preocupa o trivial. As roupas ou se está nua num desfile de carnaval é o mais importante que a globalização ou as mudanças geoestratégicas. E assim vai. Mas, não deixamos de amar esse maldito Brasil que tanto nos faz sofrer.
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