Alexandre Cruz
Colunista do blog
Por que a mídia insiste que foi uma tempestade?
Com colaboração do escritor Paulo Tedesco*
Todos sabiam que iria ocorrer uma tempestade. A mídia local informou. Mas ninguém nos informou que seria algo além de uma tempestade. Segundo os metereologistas, foi um tornado, enquanto outros definem como furação classe um ou dois. Uma tempestade não arranca a porta de um shopping, não arranca tantas árvores e destelha casas. Uma boa parte da cidade ficou sem energia e água. Outros ficaram somente sem água. Grandes árvores tombadas. Sorte que não foi durante o dia, como estava previsto pelas rádios, e sim que foi à noite. De fato, não estávamos preparados. Foi um vento que descarregou tamanha intensidade de força, que nos deixou perplexos e nos lembrou de que está na hora de pedir contas do funcionamento de nossa cidade. Todos que estiveram em Porto Alegre no instante da tormenta presenciaram uma quase tragédia. Diante do consenso de que foi um fenômeno que nunca ocorreu na cidade, e o que é verdade, não seria adequado buscar culpados. Diante de um consenso construído, principalmente pela mídia, não seria adequado pedir contas à prefeitura e a nenhum órgão público, pois se enfrentavam outras questões mais importantes. Portanto, não se tratava de eleger entre ambas as coisas. Se não extrairmos as lições corretas da história, estaremos condenados, como dizem os historiadores, a repetir os erros do passado.
Já faz tempo que reina advertências dos cientistas sobre uma catástrofe iminente. Avisam que se não tomarmos medidas para estar preparados e abordar as causas do aquecimento global, assistiremos a uma série de catástrofes de graves consequências. É importante ter claro, que quando ignoram provas científicas, assim como os avisos claros e sérios, estão querendo induzir a nossos dirigentes que não cometam o mesmo erro e não ignorem outra vez as advertência dos cientistas, nos deixando desprotegidos das ameaças da natureza. Para que funcione a nossa democracia é muito importante estabelecer responsabilidades. E isso serve também para mídia, pois ao ignorar a ciência, estaremos criando um grave problema. Até aqui tivemos sorte. Se, me permitem, farei uma comparação com a II Guerra Mundial. Quando se estava anunciando uma tormenta nazista sobre o continente europeu, Winston Churchill avisou o que estava em jogo. O governo britânico não estava seguro que o perigo fora eminente e, diante disso, mereceu o seguinte comentário de Churchill: “Se move um paradoxo estranho, decididos a ser indecisos, resolutos na irresolução e impotentes com todo seu poder. Se está acabando a época de deixar as coisas para mais tarde, das decisões a meia, dos expedientes tranquilizadores e desconcertantes e das dilações. Agora, entramos em um período das consequências”
Não é de hoje que as advertências sobre o aquecimento global são de extrema claridade. Nos enfrentamos a uma crise climática mundial. E se agrava. Estamos entrando em um período de consequências, como ocorreu na última sexta-feira em Porto Alegre.
Retomando a mídia, me permitam outra vez usar as palavras de Churchill, para aqueles que buscam amenizar o perigo. Afirmou em entender perfeitamente o desejo natural de negar a realidade da situação e procurar, a qualquer preço, a vã esperança de que não fosse tão grave como defendiam alguns. “Isso é somente o princípio da hora da verdade. Somente o primeiro sorbo, a antecipação de um amargo cálice que nos brindará ano a ano, a menos que uma suprema recuperação de saúde moral e de vigor marcial nos levante novamente e defendamos a liberdade”.
No momento em que assumirmos que houve um furacão classe um ou um tornado, devemos debater qual é grau de investimento que Porto Alegre precisa para evitar uma tragédia em que vidas possam a ser ceifadas e o patrimônio da cidade sendo destruído. É hora de pensar, debater na Câmara Municipal redes elétricas subterrâneas. É hora de pensar em adquirir novas tecnologias para prever fenômenos como esse, caso contrário, no próximo ano ou ainda neste poderá vir algo pior, em razão que o clima está mudando, e uma vez que o gênio saiu da garrafa, não volta mais. O debate é: seguiremos ignorando o que sucedeu, falhando com as próximas gerações ou Porto Alegre inicia um debate de grande trascendencia para proteger vidas e o patrimônio? Creio que a escolha está clara!!
* Autor do livro "Um guia para autores"
Colunista do blog
Por que a mídia insiste que foi uma tempestade?
Com colaboração do escritor Paulo Tedesco*
Todos sabiam que iria ocorrer uma tempestade. A mídia local informou. Mas ninguém nos informou que seria algo além de uma tempestade. Segundo os metereologistas, foi um tornado, enquanto outros definem como furação classe um ou dois. Uma tempestade não arranca a porta de um shopping, não arranca tantas árvores e destelha casas. Uma boa parte da cidade ficou sem energia e água. Outros ficaram somente sem água. Grandes árvores tombadas. Sorte que não foi durante o dia, como estava previsto pelas rádios, e sim que foi à noite. De fato, não estávamos preparados. Foi um vento que descarregou tamanha intensidade de força, que nos deixou perplexos e nos lembrou de que está na hora de pedir contas do funcionamento de nossa cidade. Todos que estiveram em Porto Alegre no instante da tormenta presenciaram uma quase tragédia. Diante do consenso de que foi um fenômeno que nunca ocorreu na cidade, e o que é verdade, não seria adequado buscar culpados. Diante de um consenso construído, principalmente pela mídia, não seria adequado pedir contas à prefeitura e a nenhum órgão público, pois se enfrentavam outras questões mais importantes. Portanto, não se tratava de eleger entre ambas as coisas. Se não extrairmos as lições corretas da história, estaremos condenados, como dizem os historiadores, a repetir os erros do passado.
Já faz tempo que reina advertências dos cientistas sobre uma catástrofe iminente. Avisam que se não tomarmos medidas para estar preparados e abordar as causas do aquecimento global, assistiremos a uma série de catástrofes de graves consequências. É importante ter claro, que quando ignoram provas científicas, assim como os avisos claros e sérios, estão querendo induzir a nossos dirigentes que não cometam o mesmo erro e não ignorem outra vez as advertência dos cientistas, nos deixando desprotegidos das ameaças da natureza. Para que funcione a nossa democracia é muito importante estabelecer responsabilidades. E isso serve também para mídia, pois ao ignorar a ciência, estaremos criando um grave problema. Até aqui tivemos sorte. Se, me permitem, farei uma comparação com a II Guerra Mundial. Quando se estava anunciando uma tormenta nazista sobre o continente europeu, Winston Churchill avisou o que estava em jogo. O governo britânico não estava seguro que o perigo fora eminente e, diante disso, mereceu o seguinte comentário de Churchill: “Se move um paradoxo estranho, decididos a ser indecisos, resolutos na irresolução e impotentes com todo seu poder. Se está acabando a época de deixar as coisas para mais tarde, das decisões a meia, dos expedientes tranquilizadores e desconcertantes e das dilações. Agora, entramos em um período das consequências”
Não é de hoje que as advertências sobre o aquecimento global são de extrema claridade. Nos enfrentamos a uma crise climática mundial. E se agrava. Estamos entrando em um período de consequências, como ocorreu na última sexta-feira em Porto Alegre.
Retomando a mídia, me permitam outra vez usar as palavras de Churchill, para aqueles que buscam amenizar o perigo. Afirmou em entender perfeitamente o desejo natural de negar a realidade da situação e procurar, a qualquer preço, a vã esperança de que não fosse tão grave como defendiam alguns. “Isso é somente o princípio da hora da verdade. Somente o primeiro sorbo, a antecipação de um amargo cálice que nos brindará ano a ano, a menos que uma suprema recuperação de saúde moral e de vigor marcial nos levante novamente e defendamos a liberdade”.
No momento em que assumirmos que houve um furacão classe um ou um tornado, devemos debater qual é grau de investimento que Porto Alegre precisa para evitar uma tragédia em que vidas possam a ser ceifadas e o patrimônio da cidade sendo destruído. É hora de pensar, debater na Câmara Municipal redes elétricas subterrâneas. É hora de pensar em adquirir novas tecnologias para prever fenômenos como esse, caso contrário, no próximo ano ou ainda neste poderá vir algo pior, em razão que o clima está mudando, e uma vez que o gênio saiu da garrafa, não volta mais. O debate é: seguiremos ignorando o que sucedeu, falhando com as próximas gerações ou Porto Alegre inicia um debate de grande trascendencia para proteger vidas e o patrimônio? Creio que a escolha está clara!!
* Autor do livro "Um guia para autores"
Data: 05/02/2016 09h56
Contato: (55) 3232-3766 / 96045197
E-mail: blogcadernosete@gmail.com
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