Alexandre Cruz
Colunista do blog
Dois pesos e duas medidas
Embora a Constituição diga que todos somos iguais perante a lei, uns são mais iguais que os outros, parafraseando a Orwell. Parece mentira que os políticos como Eduardo Cunha (PMDB) não estão na cadeia, enquanto um jovem foi preso por roubar livros e revistas de literatura científica na Livraria Cultura, no Shopping Salvador. Por muitos que os nossos dirigentes encham a boca com a palavra justiça, há dois pesos e duas medidas escandalosos dos juízes para medir ações dos poderosos e dos que não são. Aí está o exemplo, Alex, um baiano que é detido por roubar livros para estudar.
Há centenas de casos como esses na sociedade brasileira, pessoas que cometem um deslize em um determinado momento e tem que pagar por um duro castigo que lhe marcarão para sempre. Como diz o provérbio latino: 'dura lex, sed lex'. Isso contrasta com a benevolência da justiça com pessoas como Eduardo Cunha, que segundo a esmagadora provas que já existem, recebeu milhões de dólares em comissões que foram parar no paraíso fiscal. Cunha mentiu no Parlamento brasileiro e logo comprometeu a sua palavra, jurando que jamais tinha um só dólar nas contas opacas no exterior. O inexplicável patrimônio da sua esposa lhe incrimina porque não há justificativa racional alguma do seu manejo de quantidades milionárias.
O que é mais grave: roubar livro ou enriquecer-se ilegalmente desde o poder e aproveitando do cargo? Creio que todos sabemos a resposta, apesar que não faltará quem apele a presunção de inocência para explicar o motivo que Cunha não está na cadeia. Pois bem, não estão porque dispõe de melhores advogados, se beneficiam da garantia judicial e goza da proteção política que deriva da alta responsabilidade em que ocupa.
O que estou dizendo não é demagogia, é a pura verdade. Em esse país, se és rico ou poderoso, tem muitas poucas possibilidades de entrar na prisão se cometes um delito. Se és pobre, está perdido. Fica claro que certos políticos são intocáveis. Há muitas falhas e desafios pela frente, mas o pior é essa impunidade da classe dirigente, o que explica o ceticismo aos partidos políticos e a seus líderes, que são os principais responsáveis de que o poder judiciário siga atuando com dois pesos e duas medidas.