Colunista do blog
Por que pagar a dívida?
Se queremos reformar a educação e começamos a pagar mal os professores se está rompendo a lei. Se queremos remédios gratuitos, estamos rompendo a lei. O único gasto que não está limitado nesse país é o pagamento da dívida pública e isso também é corrupção! Por que corrupção? Qual é o fim último da política? Não é o bem estar da população? Ou a rentabilidade do capital financeiro? Deixar de pagar a dívida, para alguns é terrível, mas não acham terrível que não sobre recurso para mais escolas, hospitais e segurança pública. Mas para esses, escandaloso é não pagar a dívida. Afirmar em reestruturar a dívida pública ou não pagar é gravíssimo. Dizer às pessoas para deixarem a casa para que fique com o banco, que a financiou e não conseguem mais pagar porque o juro é muito alto, isso não é grave? Que se suicidem por perder uma casa, isso não é problema? Isso não é economia, e sim politicagem voltada para o capital, especialmente ao capital especulativo e financeiro. Mais do que receitas, há princípios. E são os princípios fundamentais como direito à moradia que está escrita na Constituição brasileira que deve prevalecer numa sociedade que se pretenda justa. Que escolhemos: capital ou seres humanos? As crises são causadas pelo capital, sobretudo financeiro. Quem manda no país: o capital ou a sociedade? Quem manda no Brasil: as elites ou a grande maioria trabalhadora da população?
Por que até hoje não foi realizada uma auditoria da dívida pública no Brasil? Será que os nossos representantes que diziam nos representar são ou foram beneficiados pela dívida pública? Os Ministros da Economia que foram renegociar com a nossa dívida podem ter sido beneficiados com a dívida? É possível que os advogados dos credores sejam também representantes nossos para a sua renegociação? Caso se confirme, não é uma dívida ilegal, ilegítima? Lula, quando presidente, afirmava que nunca na história do país os bancos lucraram tanto no Brasil. O que significa dizer? Que os bancos, os mercados é que mandam no nosso país? O capital financeiro é que manda? Os credores dos quais não conhecemos é que determinam o nosso rumo na sociedade brasileira? No atual governo de Dilma Rousseff, a nomeação de Joaquim Levy, ligado aos bancos, especialmente ao Bradesco, para Ministro da Economia, é sinal de que quem manda ainda é o capital financeiro? Ou cremos que o povo brasileiro é que comanda seus rumos? Quem são os nossos credores? Bancos brasileiros? Construtoras? Políticos? Bancos que quebraram na gestão do Fernando Henrique Cardoso (PSDB), seriam eles mesmos os nossos credores da dívida? E estamos falando de bancos brasileiros, então, como é possível que esses bancos não tenham sido julgados, condenados e os banqueiros presos? E em vez disso, se fez um resgate para os bancos? Portanto, a dívida segue sendo um mecanismo de dominação dos credores sobre os devedores. Um mecanismo que serve para impor um modelo econômico centrado no neoliberalismo. Não por acaso, as políticas sociais do PT são claramente bem diferentes das do PSDB. Entretanto, no tema da política econômica são parecidas, diferindo bem pouco.
E enquanto não for debatido seriamente o tema da dívida pública, cada vez mais a nossa população ficará empobrecida e reduzida em direitos econômicos, sociais, culturais e com o agravante do aumento da desigualdade social. Os entes federados estão pagando também essa fatura, como é o caso do Rio Grande do Sul, e que poderá acarretar privatizações, redução de salários, recortes na saúde, na educação e na segurança pública só para falar nas principais questões para a população gaúcha. É uma dívida odiosa! Os partidos de esquerda não podem se comportar de forma parecida com os partidos políticos de direita. É muito pobre a escolha ou dilema, se paga os servidores, se fortalece o Estado, mas continua pagando a dívida. É na política que se pode entender e mudar uma realidade. Não pagar parte de uma dívida ilegítima é a retomada da consciência e regressar os rumos da nossa essência e nisso consiste a nossa liberdade. A solução está mais perto de que pensamos. Fazemos parte dela. A solução dos nossos problemas é o renascimento da utopia que pode transformar o mundo. Mais do que nunca a ideologia voltou, aliás, nunca saiu, como alegava Thatcher que pregava o fim da ideologia e que não existiria a alternativa que seguir o pensamento único do neoliberalismo.