Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel e Vice Presidente da Farsul
Em um cenário de crise sistêmica na política e na economia do Brasil e do Estado, nada mais oportuno do que os raros momentos em que uma boa notícia traz ventos de renovação, removendo o mofo da desesperança e do pessimismo. Nesta semana, os Estados Unidos anunciaram, após mais de quinze anos de restrições, a liberação da importação de carne brasileira in natura.
Embora o ato tenha sido anunciado com pompa e circunstância pelos presidentes dos dois países, engana-se quem pensa que este seja o mero resultado de uma decisão política. Atrás das cortinas, anos e anos de intensa negociação envolvendo federações e confederações de produtores, por um lado,e entidades de comércio exterior e representações da indústria dos dois países, pelo outro. Os políticos posaram para as assinaturas e fotos no final de um processo que foi disparado pelo setor privado – especialmente pelo produtor brasileiro, que nos últimos quinze anos se preparou, investiu em qualidade e demonstrou que tinha condições de recuperar seu acesso a um dos mercados mais exigentes do mundo – parâmetro, portanto, para outros mercados internacionais.
Dentre todos os Estados brasileiros que estão hoje livres da febre aftosa com vacinação, o Rio Grande do Sul, sem dúvida alguma, larga na frente para conquistar as prateleiras norte-americanas. O gado bovino do nosso Rio Grande é formado basicamente por raças britânicas, mais ao gosto da indústria e do paladar ianque. E neste sentido, ganham importância os poucos frigoríficos cujas plantas tem capacidade exportadora – Santa Maria, Alegrete, Bagé e São Gabriel – com um destaque muito feliz para a unidade do Marfrig na Terra dos Marechais, onde existe a mais moderna planta frigorífica do Estado.
Aliás, neste momento histórico, é conveniente que se diga que a planta de São Gabriel logrou ser a mais moderna graças especialmente ao esforço feito por um grupo de produtores nos idos de 2001, com apoio do Executivo Municipal, para reerguer e modernizar a planta, anos mais tarde assumida pelo Marfrig. O esforço feito na época, permitiu não somente a retomada de uma cadeia de empregos industriais na região, como também a vantagem competitiva que, hoje, o Município ostenta frente esta nova realidade.
Como se vê, quando a inércia estatal muito pouco ou quase nada realiza para tirar o país do marasmo econômico, a boa mão do mercado, sempre tão criticada por intervencionistas, entra em ação para trazer boas notícias. Num cenário adverso, o mercado americano, em franca recuperação depois da crise de 2008, nos traz novas perspectivas. Welcome, America, to the Pampa’s!