Pastor Cláudio Moreira
Teólogo, Pastor Titular da 5.ª Igreja do Evangelho Quadrangular de São Gabriel e Capelão Acadêmico do Instituto Teológico Quadrangular
Às vezes, chamar as coisas pelo nome tem o desagradável peso da antipatia. Especialmente quando a maioria já comprou como verdadeira a tese que for conveniente para os dirigentes de plantão, e dizer o contrário pode transformar alguém não em mero opositor, mas em um indivíduo odioso e detestável. Vou me referir, pra ser mais claro, á onda de migração em massa de Gana para o Brasil, após a Copa do Mundo. Os jornais noticiam a movimentação dos ganeses, às centenas, em cidades como Criciúma e Caxias do Sul. A grande imprensa trata a questão como uma onda de refugiados que estariam deixando o país por “razões humanitárias”, inclusive perseguição religiosa.
Nada poderia ser mais falso. No ano passado, conheci pessoalmente o Cônsul de Gana no Brasil, senhor Wills Taranger, evangélico como eu, filho do sueco Nils Taranger, fundador das igrejas Assembleias de Deus no Rio Grande do Sul. Ele esteve em São Gabriel juntamente com o embaixador do Quênia, senhor Peter Kirimi Kaberia, para prospectar negócios com a carne Hereford da nossa região. Gana é um país africano com efetiva prosperidade econômica, paz social e estabilidade democrática, e a tal “perseguição” é uma tese que não fica em pé.
Está na hora de o governo federal parar de fazer populismo rasteiro com a situação e investigar de forma efetiva este que pode ser um escandaloso caso de tráfico humano, como aliás já tem ocorrido no Norte do Brasil com relação aos haitianos, que chegam aos magotes na Amazônia legal pelas mãos de atravessadores e coiotes. Aliás, meses atrás o governador do Acre simplesmente “desovou” haitianos em São Paulo, para se ver livre do problema.
Falar em restrições à migração evoca em algumas pessoas os instintos mais primitivos, desferindo acusações de xenofobia, racismo ou de ultra-direitismo, ao estilo Jean-Marie Le Pen. Mas examinar esta questão é algo que se impõe, não por xenofobia, mas justamente pela preservação da vida e do bem estar dos estrangeiros que vem tentar a vida no Brasil. É mister que o tráfico de pessoas seja ferozmente combatido para que vidas humanas não sejam moeda de troca para o lucro de atravessadores infames. Sejam eles trabalhadores de Gana, ou médicos de Cuba.