Juarez Trindade de Oliveira
Colunista do blog
O PROFETA DO ACONTECIDO
1. Pode parecer prematuro, mas o quadro político em São Gabriel está cada vez mais se cristalizando, passados só 8 meses (ou 17% do mandato) da atual administração(?). Considerando a expectativa que se criou em cima no "novo", é óbvio que esse governo pouco tem a mostrar, exceto a vocação para o confronto e a pouca cintura política.
2. Os grandes eixos da campanha dos eleitos, com efeito, tratavam da saúde e da geração de empregos. Fora os tradicionais varejos, nada de impactante aconteceu, nada que merecesse destaque dentro de políticas públicas realmente diferenciadas.
3. Geração de empregos, por exemplo, mereceu no PPA, meio a fórceps, o projeto do parque Indio Sepé, que consumiria, de cara, 19 milhões de reais (14% do orçamento da cidade em 2014!). A Câmara não acreditou nisso como fonte de empregos e emendou o PPA destinando tudo para a saúde, mas o alcaide vetou e a Câmara vai reexaminar a questão. Vejam que Roque, teimando em bancar a aventura do índio Sepé, rejeitou uma emenda que destinava milhões para a saúde, por coincidência a origem de toda a sua credibilidade e de boa parte de seus votos (a maioria, como se sabe, foi transferência de Balbo).
4. Ora, a lição de Maquiavel diz que o mal se faz de uma vez só e o bem aos poucos. O problema é que a dose pode ser muito forte e há de se ter cuidado para não atingir demasiadamente quem deposita esperanças. Uma relação de desencanto pode se estabelecer, derivando rapidamente para a frustração e a consequente revolta. Isso é elementar em política.
5. E a São Gabriel Saneamento, usada e abusada em campanha como símbolo de tudo o que é ruim numa administração? Cadê a volta da Corsan, cujos bottons esburacaram o peito do Roque tanto quanto as crateras que contemplam os gabrielenses em suas ruas? Ninguém mais fala, a firma enxovalhadada esfregou alguns laudos técnicos inatacáveis e todos meteram a viola no saco!
6. Para completar, a cidade elegeu um prefeito e estaria sendo administrada por um triunvirato, uma junta sem votos, que cresce à sombra do alcaide e lhe emprestou legenda para concorrer. É o que se pode recolher, haja vista denúncias públicas, o acompanhamento do dia-a-dia e o monitoramento às atividades do administrador maior, com quem não se consegue uma audiência particular.
7. Afinal, todos lembram, desde o episódio da anexação do Ibaré, que Roque nunca mais debateu em rádio com Rossano. Fugiu de todos, pois seria triturado por aquele. Assim não se daria a conhecer e ficaria com a aura de mago da saúde. Aliás, nos próprios comícios pouco falava, deixando para Balbo e outros a tarefa. E se dizia que ele não era de falar, mas de agir. Hoje, não só não fala (ou comete os “gabrielensas e as trocas de datas cívicas) e, aparentemente, também não age. Só viaja.
8. Balbo? Entendeu, claro, que está na mira por ser o responsável pela vitória do grupo que está no palácio. Pior, não é ouvido nem cheirado por ele. Não rompe com a administração por estar com vários "fiéis" ocupando cargos, mas politicamente sabe que vai pagar caro por isso. É refém de uma situação onde não tem o mínimo controle: ficando, o bicho está comendo; fugindo, o bicho vai pegar.
9. Inocêncio, por sua vez, ainda está, comprensivelmente, travado por sua tragédia particular. Mas o tempo vai lhe dar condições de recuperar e ocupar seu lugar nesse quadro. O I e o Tita, seu candidato a vice, deixaram uma boa imagem e, certamente, vão colher frutos do seu comportamento e da campanha propositiva que fizeram, especialmente junto aos arrependidos.
9. E Rossano, ora, sabe muito bem que espaço político vago não existe! E saiu recentemente da tática "submarino" para começar a contra-atacar. Afinal, esse governo, como qualquer um do PT, sempre trabalha(?) olhando pra trás, no sentido de descontruir o que veio antes. É sopa no mel para Rossano, que está se propondo a ser o cara que não entrou em campo, mas que é o melhor do jogo, haja vista que o embate lhe está sendo, por enquanto, favorável, pela absoluta ausência de urbanidade e de educação politica da parte dos que lhe atacam.
10. Não foi a toa que o ex-prefeito se credenciou, no atual momento, a ser a oposicão mais organizada ao atual governo. Em oito meses, afinal, aqui e ali vozes se ergueram. Mas agora a coisa é pra valer, inclusive com a vontade de ser novamente prefeito, expressada por Rossano. Vão se botar nele, claro! Mas, pelo menos, ao lado de alguns vereadores, como Karen Lannes, a oposição vive! Sentiram o cutuco?
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