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06 setembro 2013

Papo Reto no Caderno7

João Pedro Lemos
Colunista do blog

Um dia meu avô se foi...
Era dia 6 de julho de 1989, naquela manhã, Velho João Machado, peão e capataz levantou um pouco mais cedo do que de costume, parecia ter noção do que estava para acontecer, mas guardava em seu silêncio, garbo de gaúcho. Colocou a melhor pilcha, tomou o costumeiro que adorava uma gemada com leite. Após encilhou a égua Criança, sua parceira de invernadas, colocou os melhores arreios e saiu a cavalo, vislumbrou a Estância da Acácia no seu todo, sua imensidão, sua pequenez que por vezes, mesmo com mais de 12 quadras de sesmarias parecia caber na palma de sua mão, pois vivera lá toda sua vida, desde posteiro até capataz . Conhecia cada árvore que nascia e que morria naqueles campos, cada canto de pássaro...


João Machado: inesquecível
Andou pela invernada das vacas de leite, pela “invernadinha”  como era conhecido o campo onde ficava o seu gado e ovelhas. Após uma grande volta pela Estância, como uma despedida, Velho João Machado voltou para casa fez uma oração no antigo oratório do quarto deitou e se foi em paz, no silêncio como se estivesse dormindo.

Quando recebi a notícia, minha alma se partiu um milhão de pedaços, sempre entendi a morte e nunca me assustei com ela, mas nada desse entendimento me fazia compreender que meu avô havia morrido. Usei de todas as minhas forças, mas era muito duro, olhar para traz e vê-lo e olhar para frente ficando apenas com o que ele me ensinou, “filho a vida é como um fio frágil, se puxarmos demais rebenta e se descuidarmos e ele se esvai de nossas mãos. De nós permanece apenas o que construímos, que fará de nós lembranças inesquecíveis”.

Naquela hora parecia que todos os animais que rodeavam a Estância pararam, um silêncio com sentimento de perda tomou conta de tudo e parecia que a alma do Velho João Machado sobrevoava o lugar como se fosse parte dele indo embora.

Após várias vezes voltei à Estância até entregarmos aos seus donos, mas confesso que nunca mais consegui ver a Acácia do mesmo jeito, pois cada buraco escarvado por touro tinha uma história, cada cupim tinha um significado na imensa arquitetura da Estância da Acácia no Azevedo Sodré, cada sombra de tapera, as sangas.... O sentido de tudo parecia ter ido com ele.

Foi então que retornei para a Universidade sempre em busca de novos horizontes, como vivo até hoje encontrando nas coisas simples momentos inesquecíveis e muitas respostas, algumas delas em forma de uma nova pergunta como ele havia me ensinado.

O velho João Machado não é apenas uma lembrança, é uma vivência, uma experiência de amor, honestidade aos filhos e a mim que tento desfrutar até hoje, o amor pelas pessoas, pelo simples, a felicidade em si. O que ele construiu certamente parte ficou comigo e ficará com meus filhos.

Há! Antes de finalizar cabe contar que seu cavalo e sua égua e seus cachorros morreram de saudade, aguardando sua volta na porta do galpão....

“...,Ficaram arreios suados e um silêncio de espora, um cerne com cor de aurora queimando em fogo de chão, uma cuia  e uma bomba recostada na cambona e uma saudade redomona pelos cantos do galpão”.

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