Colunista do blog
QUE A RAZÃO VOLTE A IMPERAR!
Finalmente, fruto da publicitação da própria autora e proprietária da terra, a população gabrielense ficou sabendo da contraproposta formulada como alternativa à dessorada desapropriação da Chácara Juca Tigre. Como é assente, é pretensão da atual administração expropriar os mais de 8 mil metros da área, a fim de construir um complexo turístico em louvor ao mito Sepé Tiarajú. Em resumo, a presente sugestão contempla a doação, ao lado de 980 m2 já anteriormente passados ao patrimônio municipal, de mais 4.590,36 m², totalizando 5.583,74 m², ultrapassando mais de 50% de sua área total de 8.875,07 m².
Afirma sobre isso, ainda, a Sra. Sílvia Assis Brasil Souto:
“Com isso, para evitar mais desperdício de dinheiro público, com construção de complexo turístico que demandará muitos anos para finalização e cujo objetivo é incerto, prudente a reformulação do projeto com readaptação à vasta área que a requerente ora se propõe a doar. A requerente está dispondo de grande parte de sua área, gratuitamente, sem qualquer custo ao Município, para que então construa o que entender necessário à memória do índio Sepé.”
A seguir Dna. Sílvia tece outras considerações acerca das vantagens para o município da proposta por ela assinada, inclusive alertando para as preocupantes batalhas judiciais que, com toda a certeza, de muito protrairão o desiderato da causa. Ora, a primeira espécie que causa essa proposta – e não há razão para duvidar da sua autenticidade – é a demora em haver uma resposta conclusiva à mesma, uma vez que ela já foi dada a conhecimento do Prefeito Roque Montagner há, pelo menos, uns 20 dias atrás. E esse silêncio, com certeza, é ensurdecedor!
Vejam que a proposta da proprietária é altamente vantajosa para a população! No aspecto financeiro, de cara evita o desembolso prévio “cash” (como manda a lei) de cerca de 7 milhões de reais (ou 5% do orçamento bruto da cidade para 2013!).
No aspecto político, estanca uma grave crise que está a se formar causada pela forma como essa desapropriação se deu, esgrimindo antes uma moratória precipitada e desaconselhável economicamente, jogando a cidade num preocupante lista de municípios onde o investimento e as obras enfrentarão dificuldades para obter recursos. Por fim, essa expropriação, eivada de vícios formais e materiais – que exaustivamente já nos referimos -, penso não resistiria a um exame preliminar na esfera judicial.
Seria demasiado enfadonho discorrer aqui sobre todos os aspectos positivos da proposta em exame. O que seria contra, então? A necessidade de refazer o projeto do tal “complexo”, que, aliás, nem se deu a conhecer? E por que ele não poderia ser executado nos 5,5 mil metros quadrados, ao invés de 8,8 mil originais?
Por que o apego fetichista aos 8,8 mil originais, que não permite, sequer, uma readequação do projeto à área ora oferecida, DE GRAÇA!? Será que esse cidadão, que foi eleito para governar uma cidade e proporcionar bem-estar aos seus moradores, não conseguiu alcançar o tamanho dessa proposta, que mereceria ser perfilhada de plano?
Será que ele não se deu conta de que 7 MILHÕES DE REAIS – o mínimo que será desembolsado pela cidade para a posse da área – não é uma quantia que sua gente possa dispor para financiar SÓ O COMEÇO de uma aventura, um complexo dito turístico, que não possui NADA e nenhum estudo sério ou precedente, que diga possa gerar emprego, ocupação hoteleira e renda, de tal porte QUE JUSTIFIQUE ESSE PESADO INVESTIMENTO?, em detrimento de várias outras URGENTES demandas a solicitar recursos imediatos?
E a nobre vereadora Néca Bragança, frente a esse quadro ora exposto, continuará se negando a assinar a proposta de decreto legislativo que suspende a desapropriação ou, assinando, totalizará 10 vereadores, do total de 15, que querem estudar melhor essa bomba no orçamento da cidade, que nem Audiência Pública sequer se permitiu realizar?
Não! Penso que a razão deva ser restabelecida nessa questão. Eis aí uma área mais do que suficiente para quem quiser adorar o índio Sepé, OFERECIDA GRACIOSAMENTE e no mesmo local!
Podem até não aceitar a proposta (e não obstante somente uma pessoa decida, o plural aqui é cabível, por suposto...), mas eu não apostaria que a maioria do povo reste em genuflexão, uma vez que, embora muitos não queiram, a cada dois anos as explicações tem de ser dadas. Sentiram o cutuco?
E-mail: blogcadernosete@gmail.com