Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel
Vice Presidente da Farsul
No dicionário, a palavra “reforma” significa melhoria, aperfeiçoamento. Mas no Brasil, existe o mau hábito de provocar “reformas” que apenas pioram tudo. Um bom exemplo foi a reforma ministerial da Presidente Dilma, que desalojou o gaúcho Mendes Ribeiro Filho do ministério da Agricultura. Dispenso-me de comentar o fato de a enfermidade do ministro servir de pretexto para removê-lo, o que em si já seria repugnante. Se reformas existem para avançar, nada justifica a remoção de um ministro que, diante de inquestionáveis dificuldades pessoais, enfrentou e venceu desafios históricos.
Não custa lembrar que Mendes sucedeu ao polêmico Wagner Rossi, assumindo uma pasta em crise ética. Mesmo sem uma biografia exatamente ligada ao setor rural, construiu soluções para dramas antigos, como o preço do arroz, que equalizou removendo 2 milhões de toneladas do mercado interno com exportações. Quando o Rio Grande do Sul sofreu a mais severa seca dos últimos 30 anos, promoveu as políticas de custeio que permitiram a excelente recuperação com safra recorde neste ano. Conquistou o fim do embargo russo à carne brasileira, e atendeu reivindicações do campo em todas as regiões do país.
Ocorre que, apesar da sua reputação de “gerente” e “técnica”, nossa presidenta só mexeu no ministério quando alguém caía de podre por escândalos, ou então para fazer política. É exatamente isto que faz agora, acenando com o Ministério da Agricultura para o PMDB mineiro, buscando retirar apoios regionais de Aécio Neves. No ano passado, deu o inexpressivo ministério da Pesca ao não menos inexpressivo PRB para garantir seu apoio a Fernando Haddad no segundo turno da prefeitura de São Paulo. Pelo mesmo motivo, compensou Marta Suplicy com o ministério da Cultura, e agora a bola da vez é a Agricultura. Com a quase certa mudança, até o novo titular se adaptar aos projetos em andamento, haverá um prejuízo de cerca de oito meses. Mas que importa, se as eleições estão logo ali?
Como era de se esperar, as vozes que se manifestaram pela permanência de Mendes não surtiram qualquer efeito. Mas que fique ao menos a lição sobre as regras do jogo: em tempos de eleição, o agricultor que vá plantar batatas... de preferência, esperando bastante pra pegar o Plano Safra.
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