Embaraço e constrangimento: Campeão da Olimpíada de Matemática é destratado no Palácio Piratini

Um título conquistado que era para ser reconhecido no RS, mas que se transformou em revolta e frustração por uma série de erros do Governo do Estado (foto arquivo)

O que era para ser uma homenagem a um aluno aplicado, se transformou em um festival de erros, constrangimentos e embaraço na última terça (5), em Porto Alegre. O aluno Carloci Menezes e o Professor Luiz Carlos Saldanha, que conquistaram o prêmio máximo da Olimpíada Nacional de Língua Portuguesa, receberam uma comunicação de que seriam homenageados pelo Governo do Estado no Palácio Piratini. Mas ao chegar lá, não tiveram o tratamento merecido e passaram por muitas dificuldades, além de erros gravíssimos de protocolo, causando constrangimentos e afrontas a ambos. Algo totalmente desnecessário.

A história foi relatada pelo professor Saldanha em seu Facebook. Segundo ele informou, ele foi contatado por uma assessora da Secretaria, de que ele e Carloci seriam homenageados no Palácio Piratini no dia 5 de março, isso ainda em janeiro. O contato foi feito por Maria do Carmo, Secretária do titular, José Clóvis Azevedo.

"Os dias passavam. A data se aproximava. Mas, nada de detalhes do evento. No dia 3/5, enviei um e mail a senhora Maria do Carmo, reclamando que, até então, não havia recebido nenhuma informação. No dia 4/3, respondeu-me que achava estranho, deixando claro que ela não fazia parte da comissão de organização do evento.Então, a profa. Magda, vice-diretora da E E E M Marechal Hermes, de Santa Margarida do Sul, entrou em contato por telefone com com a 19ª CRE, de Santana de Livramento, quando foi transmitida a informação que teríamos que estar presentes em Porto alegre, na Escola Técnica Parobé, das 8h 30min, às 12h, no dia 5/3", relatou Saldanha.

Então, eles embarcaram no dia, às 2h, em uma viagem cansativa, mas que valeria a pena. Valeria, por que não foi o que aconteceu. Eles rumaram à Escola Parobé, onde pediram informações em vão. Após subir escadas, procurar em vão, eles conseguiram o contato com Maria do Carmo. Neste meio tempo, Saldanha descobriu que ambos tinham reserva em hotéis, restaurante indicado para o almoço e que a homenagem seria na verdade, no Palácio Piratini, às 14h30. Primeira indignação, com razão, por uma falha grave. E também somada às precárias condições da Escola.

Já no Palácio, começando a solenidade, mais um erro grave: uma menina foi chamada como sendo a vencedora da Olimpíada de Língua Portuguesa. A professora Magda Batista acompanhou toda a sucessão de erros e omissões cometida com os representantes da Escola Estadual Marechal Hermes. Veja o que ele relata, no texto no Facebook:

"Começa o evento. Fala o secretário de educação. Discorre acerca dos investimentos da sua secretaria. cita o nome do campeão da Olimpíada de Matemática e, 'pasmem' de uma menina como campeã da Olimpíada de Língua Portuguesa. Entreolhamo-nos, eu, o Carloci e a Magda. Logo após, a pessoa responsável pela apresentação do evento, chama o aluno vencedora da Olimpíada de Matemática, que faz o seu discurso. Em seguida, anuncia a aluna dita como vencedora da OLPEF. Produzida, com o discurso escrito na mão, fala. Não conseguimos entender o porquê disso, já que o campeão gaúcho é o aluno Carloci. A nossa indignação, empregando um eufemismo, por "tantas falhas", passa do superlativo para a revolta. Começamos, eu e a profa Magda, a falar, a reclamar, a pedir uma reparação. Muitos olhares nos foram dirigidos, fomos cercados por pessoas que, talvez, fossem do cerimonial. Dava-nos desculpas mil. Exigíamos retificação. A impresa também nos cercou, pedindo informações acerca de nossas reclamações. Foi o ápice, o coroamento de tanta... Complete, leitores, a frase! As senhoras de preto exigiam que nos calássemos. Mas, não nos calamos, pois os limites do desrespeito estavam extrapolados. Estávamos fazendo o nosso papel de cidadãos. Não daríamos "amém" a tudo aquilo. Não paramos de protesta. Exigíamos e exigíamos reparação. A coordenadora da 19ª CRE, disse-nos que nós não estávamos nos comportando como educadores. Senhora coordenadora, educador é aquele que também erra, que protesta, que se indigna com os desmandos. Reagi, narrado-lhe tudo que já tínhamos passado naquele dia. Assim, a nossa indignação, ou melhor, a nossa revolta, cada vez mais se acentuava. Falávamos cada vez mais alto. Tínhamos que ser ouvidos. Alguém, uma senhora vestida de preto, afirmou que o cerimonial não poderia ser alterado. Estávamos decididos em ir ocupar o microfone e falar a verdade, furando o protocolo. Foi então após tanta insistência de nossa parte, e a situação se tornando incontrolável, que o locutor chamou o Carloci como campeão nacional da OLPEF. Como ele já estava muito nervoso, não conseguiu se expressar adequadamente. Mas, não houve correção do erro anterior", lamentou.

O próprio Carloci também expressou sua indignação no Facebook com o destrato sofrido e a desorganização vista. Resumindo, um jovem e profissionais que fizeram algo pela educação nacional, foram desprezados e tratados mal em uma série de erros grotescos e que resultam na precariedade da Educação gaúcha. Fica este relato, para que não passe em branco, e como órgão de imprensa responsável que somos, somos solidários a este desagravo.

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