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01 junho 2012

Fato Consumado: As contradições do Ita

Marcel da COHAB
Colunista do blog

Primeiramente, o Ita a qual me refiro é o samba salgueirense que completa 20 anos, “Peguei um Ita no norte” e não o famoso cantor nativista gabrielense, Ita Cunha (que também já andou emprestando seu talento ao samba). Quem nunca cantarolou ou ouviu em uma festa ou arquibancada de estádio o refrão “Explode coração, na maior felicidade. É lindo o meu Salgueiro, contagiando e sacudindo essa cidade”? Pois esse refrão ecoou pela Marquês de Sapucay naquela noite de desfiles do ano de 1993 e fez o Salgueiro sair sob os gritos de “é campeão!”. Eu tinha 15 anos e lembro como se fosse hoje.


Amado por uns, odiado por outros, o “Ita” transcendeu o status de “samba enredo”. A bem da verdade, o Ita inaugurou uma era de sambas com refrões “oba, oba” da escola tijucana que, ao dar certo com o título de 1993, teve continuidade nos anos posteriores, para desespero dos analistas que detestam esse tipo de recurso.

Em 1994, falando do Rio de Janeiro, a escola veio com “Balança, ô balança/ Chegou a hora do Salgueiro sacudir/ Deixar essa cidade louca com água na boca na Sapucay”. Refrões, grudes que nada tem a ver com o enredo, simplesmente para puxar o público para o seu lado e facilitar o canto, ao menos em tese.

Particularmente, respeito esse tipo de recurso, que inclusive já usei, porém, me policio para não fazer mais por soar artificial na minha maneira de ver. Um bom samba não precisa de clichês. O Ita fez sucesso, mas, provou-se, foi exceção. A bem da verdade é considerado o último samba épico, digamos assim, do carnaval carioca (talvez o “gosto que me enrosco” da Portela em 1995 e o “Orfeu” da Viradouro em 1998 tenham chegado mais perto) mas, se formos comparar com os demais épicos, não chega nem nos pés em termos de qualidade.

Samba gostoso de se ouvir, que todos cantam. Entretanto, a questão que incomoda aos críticos é o refrão. Posteriormente ao Ita, o Salgueiro seguiu mantendo essa linha, não sei se por opção da Escola ou dos compositores que resolveram seguir a receita que, ao menos em 1993, deu certo.

O Ita é um fenômeno que fará 20 anos e segue na boca do povo, coisa que só os antológicos conseguem, tais como Kizomba, Lendas e Mistérios da Amazônia, Mãe Menininha, Sonhar não custa nada, Os Sertões e tantos outros.

É um samba audível, bom para rodar em comemorações e com vocação para estar nas coletâneas do Emilio Santiago, Elymar Santos, Alcione, Neguinho da Beija-Flor e outros nomes consagrados da MPB.
De qualquer sorte, seria injusto dizer que o Ita venceu aquele carnaval. Quem venceu foi o Salgueiro. É claro que o jurado, ao ver o sambódromo inteiro cantando um refrão, pode impressionar-se como em 1992 com a Estácio e sua “Paulicéia desvairada”, mas um carnaval de Escolas de Samba no Rio de Janeiro tem que ser ganhou pelo conjunto da obra.

O grande dilema do Ita é o seu refrão. Soa-me artificial e com um “puxa-saquismo” escancarado para chamar o público, nada tem a ver com o enredo e o tema proposto.  A questão é: sem o refrão, o Ita teria o sucesso que teve? O Ita sacudiria a Sapucay? Tornar-se-ia um dos sambas enredo mais famosos da história estando na coletânea dos sambas escolhidos pelo público e interpretados pelo Dudu Nobre? Eu particularmente gostei mais do “No mundo da Lua” da Grande Rio que retornava ao Grupo Especial naquele ano (cantado pelo Nego).

Essa é a grande contradição do Ita. Ficou famoso pelo refrão “cabeça” que puxa todo o resto do samba, que é bom, mas que no entender dos analistas mais ferrenhos, é chamado de “oba oba”, “grude” e criticado por não ter relação com o tema proposto. O resultado foi o título do Salgueiro e, a glória eterna desse samba que completa 20 anos estando vivo na memória de todos. Graças ao seu tão criticado, porém bem aceito refrão.

Falar depois fica fácil, mas eu atrevo-me a dizer que não teria usado aquele refrão no samba se o compusesse hoje. Questão de gosto. Como disse anteriormente, hoje mais maduro não gosto desse tipo de recurso e acho que você pode fazer um samba popular sem clichês e sem os chamados “oba oba”.


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