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27 março 2012

Fato Consumado: Segundas intenções

Marcel da COHAB
Colunista do blog

O fato é pitoresco. Eu andava pela calçada do Clube Caixeiral em direção ao HSBC. Uma senhora tentava atravessar a rua com sacolas de supermercado, mas não consegui discernir se a sinaleira estava aberta ou fechada. Realmente aquela sinaleira da Duque de Caxias com a Mallett em determinado horário, por causa do sol, fica difícil de enxergar, ainda mais para uma pessoa de idade e que usava óculos. Eu a ajudei a atravessar, pois o sinal estava vermelho. Ao final ela agradeceu o gesto. Perguntou meu nome, eu respondi e disse que trabalhava em cima do HSBC num escritório de advocacia, e que se ela precisa de alguma consulta poderia nos procurar. Ela encerra o diálogo perguntando se eu não era candidato a vereador.



A pergunta nada mais é que reflexo do comportamento humano. Cada vez menos ajudamos as pessoas, cada vez menos fazemos algo para mudarmos a realidade. Quando alguém surge com um gesto cordial, um movimento em prol da comunidade, todos ficam com a pulga atrás da orelha, prevendo que por trás disso encontra-se uma legenda partidária.

Não só nesse sentido, a faixa de segurança, muitas vezes, só é respeitada quando quem passa por ela é uma mulher bonita. Aí todos param para que ela desfile, ops, atravesse a faixa. A vida virou uma barganha. Se você entra bem vestido num ambiente você é  chamado de “doutor” e é melhor atendido, pois é  um cliente em potencial, se você ajuda alguém você é  candidato á cargo eletivo, se você liga feliz pro amigo ele já espera que você vá pedir algo.

Por isso não condeno aquela senhora. Mas não sou candidato à vereador e nem serei jamais, não tenho vocação para a política partidária. Já  me disseram pra eu me candidatar, pois eu conhecia todo mundo, mas na verdade eu gostaria de ouvir das pessoas que eu deveria me candidatar por ter  as soluções para os problemas dos “conhecidos”  e dos “desconhecidos”, afinal conhecer todo mundo faz parte da minha natureza, do meio em que vivo.

Isso me lembra uma história em uma outra cidade, em que meu pai estava num velório e chegou um político daquela cidade o abraçando e perguntando como ele estava. Quando meu pai disse que precisava pegar a estrada para retornar a São Gabriel, o candidato mudou o semblante e procurou um outro grupo de pessoas.

O ser humano hoje em dia está sempre procurando algo em troca, ele age assim por natureza. Se você não tem anda a oferecer para outrem, você não receberá a “amizade” dele, mas se você puder dar algo que beneficie a outra pessoa, você é amigo do peito, você é “meu bruxo”.

Certo ou errado? Não sei. Mas é assim que funciona.


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