Marcel da COHAB
Colunista do blog
Amigos, hoje vamos falar daqui que mais gostamos: o carnaval. As pessoas perguntam-me freqüentemente (todos os anos) o que achei dos sambas, visto que compro o “disco” desde 1992, além daqueles sambas mais antigos que adquiri posteriormente. Diante disso, resolvi deixar publicamente no blog minha análise sobre as obras. Obviamente trata-se de uma avaliação extra-oficial bem como uma opinião minha. Vamos lá:
O CD – A safra é boa. A melhor desde 2008. Destaque para a Portela, Salgueiro e Vila Isabel. O Cd, como um todo, é agradável de ouvir e algumas obras deixam a nítida impressão de uma forte tendência de crescimento na avenida.
BEIJA FLOR ("São Luís - O Poema Encantado do MARANHÃO") – O samba é uma fusão de duas obras. Sinceramente a Beija Flor é a melhor escola do século, pois vem com sambas arrastados há alguns anos e, ainda assim, a Escola ganha o carnaval e faz com que cantemos as suas obras. O samba do ano passado sobre Roberto Carlos foi um alento de que a escola pudesse voltar a fazer sambas melhores, mas esse ano voltou a trazer samba que decepciona quem, como eu, admira a escola de Nilópolis. A homenagem à São Luiz (de novo!!!) poderia ter um samba mais condizente com a “Beja”.
GRANDE RIO (“Eu acredito em você! E você?) – Lindo tema sobre a superação numa referência clara ao episódio do incêndio do barracão no último carnaval. No fim fala que a sua hora vai chegar (a escola sonha com o título inédito). A performance de Wantuir, como sempre, magistral. Só não entendi a citação á festa de Parintins feita no final e achei que a letra poderia ser mais envolvente com o tema.
IMPERATRIZ (“Jorge, amado Jorge”) – A escola de Ramos tenta reconquistar a hegemonia do final dos anos 90 falando de Jorge Amado e das coisas da Bahia. Dominguinhos do Estácio tem a cara da Imperatriz. O samba é alegre e tem a cara dos sambas campeões da Imperatriz. Jorge Amado é um grande personagem e teve uma homenagem à sua altura.
MANGUEIRA ("Vou festejar, sou Cacique, sou Mangueira") – Tá aí a contradição do CD. Quem viu o CD na gravação original ou num vídeo de um ensaio dos compositores sob a supervisão de Ivo Meirelles e Layla, sabe que é um baita de um samba. A “Manga” vem com um samba do tamanho do Cacique de Ramos e da Mangueira. Entretanto, estragou a gravação que mais parece um retalho, com 4 intérpretes (ótimos) e participação de artistas com formação no Cacique. Mas ficou exagerado, não dá pra curtir o samba, a levada ficou estranha e o Jorge Aragão cantando num tom diferente no final atrapalharam um bom samba. Mas a Mangueira, que sempre é favorita, tem samba de campeão.
MOCIDADE (“Por ti, Portinari: Rompendo a tela, à Realidade") – Gostei do samba e gostei do entrosamento do estreante Luizinho Andanças na Mocidade, depois de alguns anos na Porto da Pedra. Não senti a Mocidade como em outros de seus grandes sambas, longe disso. Mas a faixa sobre Cândido Portinari é gostosa de ouvir e interessante para curtir em casa beliscando um petisco. Resta esperar pelo andamento na avenida e as surpresas da bateria dos “Herdeiros de André”.
PORTELA (“E o povo na rua cantando é feito uma reza, um ritual...") - Ao lado da Mangueira, a maior vencedora do carnaval carioca (e que não vence desde que o Sambódromo foi inaugurado) tem um baita samba. E ter um baita samba, é ter andado um bom caminho rumo à vitória. Fazia tempo que a Portela não vinha com sambas deste naipe, ou, pelo menos, nos últimos anos, foi fato quase raro.
PORTO DA PEDRA ("Da seiva materna ao equilíbrio da vida") – Wander Pires estréia e salva um samba fraco e um enredo vendido. Mais um jingle em nosso carnaval. A escola de Niterói vendeu seu enredo para uma fábrica de iogurte e o resultado de um enredo ruim é um samba fraco. Caem duas e que a Porto da Pedra fique esperta.
RENASCER DE JACAREPAGUÁ ("O Artista da Alegria dá o Tom da Folia") - A escola estréia no grupo especial num ano que caem duas e fica muito complicado. Samba bonitinho, ajeitadinho mas que deve apenas apresentar a Escola no grupo especial. Rogerinho reaparece na gravação do Grupo Especial (98 e 99 na Portela) e, sinceramente, acho um intérprete fraco demais. A escola deve dar o seu recado e voltar par ao acesso, a menos que ocorra uma hecatombe.
SALGUEIRO ("Cordel Branco e Encarnado") – Muito bom o samba. O folclórico Quinho canta com os bons Serginho do Porto e Leonardo Bessa. Ah, a gravação repleta de instrumentos “estranhos” ao samba como sanfona, triângulo e afins. Melodia comum, letra na medida certa e um samba gostoso de ouvir no CD. A “furiosa” tem várias deixas no samba e deve ousar na avenida. Olho no Salgueiro.
SÃO CLEMENTE ("Uma aventura musical na Sapucaí") – O intérprete Igor Sorriso vem agradando a todos. Acho interessante mas ele precisa gritar menos e cantar mais. A São Clemente sempre traz bons sambas, um tanto irreverentes (que saudade dos sambas da escola nos anos 80 e 90) e vai brigar para não cair e não confirmar o estigma de “iô-iô”. É cedo, carnaval é na avenida mas acho que São Clemente, Renascer e Porto da Pedra, são 3 sérias candidatas. Samba agradável, aliás, um dos melhores, dá vontade de repetir a faixa. Mas a escola terá que vir com muita garra para permanecer no grupo especial. Eu, particularmente, torço por isso.
UNIÃO DA ILHA ( "De Londres ao Rio: era um vez... uma Ilha...") – Muito bom o samba e o Ito tem melodia no sangue (com o perdão do trocadilho). Longe de ser os sambas épicos da Ilha, mas é mais uma bela obra dos compositores insulanos. Alguns críticos não gostaram das misturas como rock e samba, molho inglês e feijoada, etc. Mas eu gostei. E, de quebra, um solinho de guitarra.
UNIDOS DA TIJUCA ("O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão") – Acho que faltou apenas um refrão mais forte, mas para estar certo disso, teríamos que acompanhar os ensaios. Outra obra interessante de ouvir e dentro da boa média do ano. Bruno Ribas está confirmado como um dos grandes cantores do carnaval. Só acho que a Tijuca tem que ousar mais nos seus sambas e não depender só das ousadias de seu carnavalesco Paulo Barros. Espera-se um desfile emocionante em homenagem à Luiz Gonzaga.
VILA ISABEL ("Você Samba Lá .... Que Eu Sambo Cá!
O Canto Livre de Angola") - Nada se compara a “Kizomba”. Mas também nada chegou tão perto de Kizomba até hoje. Ao lado da Portela, o melhor samba. Tem cheiro de campeã. Não se define campeão só ouvindo samba, mas alguns tem cara de campeão. O samba é ousado e não tem refrão de meio. Recebeu algumas críticas duras no Rio mas meus ouvidos ficam agradecidos quando os ouço. Dá pra repetir umas 3 vezes a faixa.
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Marcel da COHAB, é porque em Parintins o boi renasce e tudo vira uma grande festa, e com a Grande Rio a letra fala de renasce das cinzas.
ResponderExcluirabrçs !!!