Marcel da COHAB
Colunista do blog
Confirmou-se, nos últimos dias, um boato que corria “in off” há alguns meses: o cantor Thiaguinho estaria deixando o grupo Exaltassamba. Thiaguinho, pra quem não lembra, surgiu no programa “ídolos”. Não foi vencedor mas mostrou talento musical. Talento este que cresceu inegavelmente de sua entrada no grupo (em meados de 2003) até hoje. Musicalmente ele ainda está em ascensão. Junto com Rodriguinho (outro ex-vocalista de grupo de pagode) se tornou o “Midas” da música brasileira, tendo em vista que as composições em conjunto de ambos caem no agrado do público como “Livre pra voar”, “Fugidinha”, “Graça” e outras.
Os fãs ficam órfãos e tristes, como foi com o Karametade (Vavá), SPC (Alexandre Pires), Soweto (Belo), Katinguelê (Salgadinho), Negritude Júnior (Netinho de Paula) e os Travessos (Rodriguinho). O próprio Exalta perdeu o também vocalista Chrigor. Não é uma decisão fácil de ser tomada, e por mais que as pessoas fiquem relutantes, tristes, a saída se dá quando nada mais pode ser feito. Ninguém sai de uma hora para outra. É um processo.
O Fundo de Quintal passou por isso, saíram Arlindo Cruz, Sombrinha, Almir Guineto, Cléber Augusto e depois Mário Sérgio. O grupo segue firme forte, ao contrário dos demais que perderam o brilho quando da saída do seu vocalista.
Vários são os motivos, incompatibilidade com empresários, projetos novos ou até mesmo a convivência. Realmente não é fácil um grupo de pessoas que lida com o sucesso viver a maior parte do seu tempo juntos, em aviões, hotéis e viagens. É uma rotina que cansa e acaba gerando atritos.
Quanto ao Exaltassamba, o grupo vinha acabando aos poucos, pois fora perdendo sua identidade – o DVD de 25 anos é prova clara disso (por mais que tenha havido o crescimento de popularidade com o talento e o carisma do Thiaguinho, quando se perde a origem, a identidade, se perde a razão de tudo. Acredito que esse seja o cerne da decisão de terminar com o grupo). Deixando de lado o sentimentalismo, creio que foi a melhor decisão. É bom terminar por cima, deixando a imagem de tudo que foi construído, incólume.
O samba que o Thiaguinho canta não é o mesmo do Péricles, e o do Péricles é o samba do Exaltassamba. Os dois vocalistas são talentosíssimos e uma bela carreira solo os espera. Cada um ao seu estilo de cantar samba. O Exalta escreveu uma bela página no samba, na MPB, mas o fim do seu ciclo vem – por mais que seja doloroso dizer isso - no momento certo, diante das circunstâncias atuais.
De “24 horas de amor” e “Luz do desejo” até “Fugidinha”, há um amplo repertório de sucessos que fica eternizado nas nossas coleções. O Exalta deixa saudades, mas a vida também é feita de saudades.
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