Uma mobilização de professores da rede municipal de São Gabriel ganhou força nesta quarta-feira (3), após declarações do presidente da Câmara de Vereadores, Elson Teixeira (PDT). A categoria chegou a anunciar paralisação das aulas para quinta-feira (4), mas, após reunião com a Secretaria Municipal de Educação, foi informada de que não poderia interromper as atividades. O movimento, então, decidiu manter as aulas e reforçar o protesto por meio de manifestações nas redes sociais e atos simbólicos em escolas.
Durante a sessão legislativa de terça-feira (2), Elson relatou reclamações de cerca de 30 pais de alunos contra uma professora da rede, mencionando dificuldades de relacionamento em sala de aula, problemas na compreensão do conteúdo e até posturas consideradas de deboche, enviadas por mensagens de WhatsApp. O parlamentar disse que não se tratava de denúncia formal, mas de um alerta à Secretaria de Educação. Em sua fala, levantou a possibilidade de que a docente (cujo nome e escola não foram citados) pudesse estar sob estresse e necessitar de ajuda e apoio de saúde.
A manifestação provocou reação imediata entre os docentes, que avaliaram que a sugestão extrapolou limites e representou falta de respeito à categoria. Postagens de apoio circularam nas redes sociais, acompanhadas da hashtag #RespeitoAoProfessor, que reúne mensagens de valorização à profissão. Uma professora relatou em publicação as dificuldades enfrentadas em sala de aula, mencionando indisciplina dos estudantes e cobrando maior responsabilidade dos pais na educação dos filhos.
Parlamentares do governo também se posicionaram. O vereador Vagner Aloy, o Maninho (União Brasil), que é professor, destacou que apenas médicos podem indicar necessidade de tratamento e pediu que todos os lados sejam ouvidos. A vereadora Juca Medeiros (PL), líder do governo, questionou a forma como o tema foi exposto em plenário, sugerindo que Elson procurasse a Secretaria antes de levar o assunto ao Legislativo. Já o vereador Claudiomiro Borges (PL) ressaltou que a pasta tem histórico de tratar casos com sensibilidade e que o problema deve ser resolvido com acompanhamento.
Apesar da mobilização, também surgiram manifestações de pessoas que consideraram a paralisação uma medida exagerada e defenderam que o presidente da Câmara apenas transmitiu relatos de pais, sem intenção de desrespeitar os professores.
O QUE DIZ A EDUCAÇÃO?
A Secretaria Municipal de Educação informou que a situação já vinha sendo acompanhada. Segundo a secretária Déia de Souza em informação à imprensa local, os pais inicialmente conversaram com a professora, que se comprometeu a refazer avaliações. A direção da escola confirmou o mesmo encaminhamento, e a pasta intermediou o diálogo.
“A professora esteve conosco já na última segunda-feira. Ela explicou que compreendeu a preocupação dos pais e garantiu que irá refazer as avaliações. Nenhum aluno será prejudicado”, afirmou Déia. A gestora acrescentou que o baixo desempenho não está relacionado apenas às provas, mas a outros fatores, e reforçou que a docente se mostrou disposta a dar uma nova oportunidade aos estudantes.
Mesmo sem paralisação das aulas, a mobilização da categoria permanece ativa, com manifestações virtuais e simbólicas em defesa dos professores. Havia ainda a possibilidade de professores comparecerem à Câmara de Vereadores nesta quinta-feira (4), mas até o momento não houve confirmação.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 03/09/2025 20h06
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