Professores da Escola Municipal Ginásio São Gabriel e de outras instituições realizaram, nesta quinta-feira (4), um protesto silencioso no plenário do Poder Legislativo de São Gabriel, em reação a declarações do presidente da Casa, vereador Elson Teixeira (PDT), feitas na sessão anterior. O parlamentar havia levado a público queixas de pais sobre a postura de uma docente, sem citar nomes. Apesar do ambiente tenso, não houve exaltações.
O protesto
Conforme mobilização pelas redes sociais, os docentes compareceram vestidos de preto e permaneceram em silêncio durante a sessão, em alguns momentos de costas para as falas do presidente. A escola suspendeu as atividades no turno para garantir a participação da categoria. Pais de alunos também acompanharam a mobilização.
Elson abriu os trabalhos lembrando artigo do Regimento Interno, que veda manifestações como aplausos, vaias e cartazes no plenário. Disse respeitar professores e pais, reforçou que não fez denúncia, mas apenas um alerta à Secretaria de Educação, e defendeu o diálogo como caminho para tratar o caso. Os professores fizeram por várias vezes, o gesto de ficar de costas a cada manifestação do parlamentar.
Posições no plenário
Diversos vereadores se manifestaram sobre o episódio. Adão Santana (PL) sugeriu que representantes de professores e pais fossem recebidos pela Mesa Diretora ao fim da sessão. Claudiomiro Borges (PL) defendeu o consenso pelo diálogo. Éder Barbosa (Podemos) avaliou que a situação era polêmica e sugeriu, se necessário, uma audiência pública. Janaína França (PSB) e Juliana Medeiros (PL) também defenderam entendimento e respeito a todas as vozes.
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Após a sessão, comissão de pais e professores foi recebida pela Mesa Diretora para diálogo |
Ladislê Teixeira (PSB) destacou apoio à categoria em matérias relacionadas à educação. Luís Fernando Lopes (Kiko Lopes, PRD) informou já ter recebido professores e pais em seu gabinete e colocou-se à disposição. Moisés Marques (PDT) defendeu postura mediadora, “sem vencedores nem vencidos”. Sildo Cabreira (União) ressaltou que o direito de manifestação é constitucional.
O vereador Vagner Aloy Rodrigues (Maninho, União), professor da rede municipal, falou sobre a sobrecarga da categoria e pediu mais parceria das famílias. Observou que eventuais denúncias devem ser tratadas institucionalmente e chamou a atenção para a falta de acompanhamento de muitos pais nas atividades dos filhos, “que acabam jogando tudo para os professores”.
Propostas e encaminhamentos
Na mesma sessão, foi lido o Projeto de Indicação nº 129/2025, de autoria do vereador Sildo, sugerindo ao Executivo ações de apoio aos professores em sobrecarga física e psicológica, incluindo acolhimento, canais de escuta, redução da burocracia e cumprimento das horas-atividade previstas em lei.
Ao final, por sugestão do plenário, o presidente recebeu uma comissão ampliada, formada por quatro professores e quatro pais, acompanhados pela Mesa Diretora — vereadores Elson, Jana, Moisés e Éder —, além de Adão Santana.
A reunião após a sessão
Na reunião, Elson reafirmou que não mencionou nomes de escola ou professora, negou ter feito afirmações ofensivas à categoria e disse que apenas fez um alerta, reconhecendo que sua fala pode ter gerado interpretações diversas. Professores criticaram a exposição do tema em tribuna sem consulta prévia à direção da escola ou à Secretaria de Educação e consideraram inadequada a menção a eventual condição emocional.
A categoria também relatou dificuldades de rotina, como o uso indevido de celulares em sala de aula e a falta de acompanhamento por parte de alguns pais. Informaram ainda que uma avaliação de Matemática do 7º ano foi anulada e será refeita, o que pode alterar prazos de fechamento do trimestre. Pais cobraram respeito, melhor comunicação e um canal oficial para avisos e acompanhamento pedagógico.
Os professores confirmaram a paralisação no dia, com reposição em data a ser definida, e reiteraram disposição ao diálogo. Vereadores presentes lamentaram a ausência da secretária municipal de Educação, que não compareceu por orientação jurídica.
Ao encerrar, ficou o entendimento de acompanhar a nova avaliação e dar sequência ao diálogo pedagógico. O presidente Elson agradeceu a conversa, registrou incômodo com o gesto de protesto dos professores, mas reiterou que não teve intenção de ofender e sinalizou disposição para novas visitas e tratativas.
Reportagem: Marcelo Ribeiro
Data: 04/09/2025 22h21
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